Brasil afunda no Lago Paranoá

Naquele dia domingueiro, o barco de nome Brasil deslizava suavemente no Lago Paranoá, em Brasília, tocado pelo timoneiro de alcunha Povão. Nele iam três parlamentares, representantes dos respectivos Poderes, juntamente com três deputados representantes de seus seguimentos sociais: Um jogador, um cantor e um comediante.

Os parlamentares aproveitam aquele final de semana para comentar sobre os últimos acontecimentos.

O primeiro deles começou citando trecho de Cecília Meireles: "É mister que a estrutura social busque influxo salutar emanado da sociedade hodierna ...”. Em seguida perguntou ao jogador: O amigo entendeu? O jogando meneou a cabeça, em sinal negativo, simultaneamente respondendo: Não entendi patavinas, mas estou com o senhor.

O segundo parlamentar deu continuidade a citação: “Os legisladores não devem outorgar guaridas aos miasmas das infiltrações e das ideologias dissolventes ...”, seguido da mesma pergunta, desta feita ao cantor: O que o amigo acha? Não acho nada, mas continuo com o senhor – responde o cantor.

O terceiro concluiu: “Seria frustrar os anelos dos deserdados, das opíparas cornucópias das graças plutocráticas".

Semelhantemente fez a mesma pergunta ao comediante, que dá também resposta negativa.

Nesse entremeio, o velejador, Povão, que não entendia nada daquelas retóricas, de repente pergunta: Alguém aqui sabe nadar?

Todos simultaneamente meneiam a cabeça em sinal negativo.

E o velejador sentencia: É que o Brasil está afundando e o Povão, aqui, vai se jogar n’água...

Edmilson N Soares
Enviado por Edmilson N Soares em 08/01/2022
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