TRAIR E COÇAR E SÓ COMEÇAR...

 

Era um domingo de janeiro de 2022.

Ela já estava participando da missa presencial. Mas os bancos da Igreja, ainda estavam marcados nas pontas, indicando o lugar livre para as pessoas sentarem, respeitando as regras, para não haver aglomeração, por causa da pandemia do Covid 19, que ainda está circulando com a nova cepa do Ômicron.

À sua frente estava um rapaz. De repente, ela olhou para o chão e viu os pés do rapaz fora do calçado. E ele coçava seus dedos do pé esquerdo com os dedos do pé direito.

E ele não parava... E ela parou de prestar atenção na celebração. E pensou:

E se eu gravasse um vídeo desta cena hilária? O ângulo está perfeito. Ninguém vai perceber. Coloco o celular no meu colo e pronto.

E ela começou a sorrir daquela cena inusitada, achando graça dos seus pensamentos em plena missa. E se viralizasse na internet?

Não, não posso e não devo fazer isso. É invasão de privacidade e ele com certeza iria reconhecer os seus dedinhos dos pés, que iriam ficar famosos.

E ele continuava massageando-os, tentando aliviar o que era impossível fazer, porque:

“Trair e coçar é só começar”, já dizia o nosso querido Marcos Caruso, que em 1979 com apenas 27 anos, escreveu essa peça, que ficou sete anos na gaveta. E, em 2018 completou 32 anos ininterruptos, em cartaz, figurando até no Guinness Book em 1994, 1995, 1996 e 1997, como a peça de maior longa temporada do Teatro Nacional.

Fechando a narrativa:

E a moça conseguiu resistir à tentação, graças a Deus!

Mas até hoje ela sorri, quando lembra dessa cena real!

 

                                                                           Em, 14 de janeiro de 2022

                                                                                Terezinha Domingues

 

 

 

 

 

 

Terezinha Domingues
Enviado por Terezinha Domingues em 14/01/2022
Reeditado em 09/03/2022
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