VIZINHOS DESMIOLADOS

Hoje, para meu pavor, logo ao alvorecer, acordou-me de supetão um revoltante alarido de pandorga nas circunvizinhancas. Em algum lugar aqui perto, vozes embriagadas destruíam antigos boleros e velhos sambas com gritos esganiçados, acompanhadas por um violão desafinado que completava a algazarra. Da janela do meu quarto não os pude vislumbrar, as folhas dos coqueiros me impediam a visão, mas também concluí que de nada adiantaria ve-los porque não seria de bom alvitre enfrentar uma controvérsia no começo da manhã. Até porque discutir com bêbados é bastante desagradável e inútil, geralmente não termina bem. Portanto, fechei a janela e procurei não dar atenção ao barulho, deitando com o travesseiro sobre a cabeça na vã tentativa de voltar a dormir. As coisas que temos de atirar de vizinhos desmiolados!

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 15/01/2022
Código do texto: T7429983
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