ENGOMADINHO

Era reluzente o automóvel novo do sargento Farias, vermelho como a cor de seu time preferido. Foi assim que o policial apresentou se aquela manhã na corporação, onde todos os colegas aproximaram-se para ver a mais nova aquisição: o "Fuquinha" do Farias.

O dia transcorreu dentro da normalidade possível, até que no final do expediente, no encerramento do turno e por ocasião das despedidas se encontravam apenas Farias e o colega "Engomadinho" alcunha dados pelos colegas ao sargento Batista, visto a maneira impecável com que se apresentava uniformizado.

Vendo que "engomadinho " se dirigia ao ponto de ônibus, sargento Farias lhe oferece carona no veículo novo.

A curta viagem transcorreu alegre,com "Engomadinho" tecendo elogios ao automóvel do amigo, melhor lançamento da década de oitenta. Nesse clima e entre risadas chegam a frente da pequena casa do soldado Batista. Contente por sua boa ação e orgulhoso pelo seu carro novo o sargento Farias dá duas buzinadas, o que faz dona Josefa chegar à frente para receber o marido.

O olhar da esposa e sua recepção em nada combinam com a alegria de "Engomadinho", nem com a satisfação do sargento Farias em ter podido trazer o amigo de carona. Aos gritos dona Josefa reclama do marido por não ter vindo no coletivo, onde como de costume viria em pé, e sim ter vindo sentado num carro e assim amassar todo o fardamento que saiu pela manhã tão engomadinho...