Da  série:
           Diário  de  minhas  andanças     
               

                     JANELAS



Eu cruzava  o trecho de um bairro onde, decididamente, mora o bucolismo.

A casa de paredes rotas, espiava melancólica a rua de pouca gente.

Uma roseira , presa  à parede, coloria o desbotado das tábuas e um vento macio conduzia  pássaros sob um céu ligeiramente nublado.

Atinei com meus botões:

Atrás daquelas janelas residem segredos e mistérios.

Segredos e mistérios que aguçam a curiosidade dos homens.
Faminta - a imaginação - alimenta-se
na mesa farta dos devaneios.
Então...
Na penumbra da sala, o silêncio empoeirado dos móveis, a samambaia escorrendo num verde vigoroso, alguns sorrisos presos em porta retratos, um gato vadio estirado no tapete e um relógio na parede dilacerando as horas que nunca passam.
Os bibelôs trocando olhares e um telefone antigo tocando sem que alguém o atenda.
Uma mosca desajeitada zumbindo entre o tecido da cortina,tentando uma fenda que a liberte para a imensidão do mundo lá fora.
É o que presume a curiosa e insensata mania da criação de cenários que habita nos seres humanos.
A roseira a tudo observa.
Hospedeira das rosas, só ela conhece (mas não revela) os segredos e mistérios que resguardam-se por trás das janelas.

IRATIENSE THUTO TEIXEIRA
Enviado por IRATIENSE THUTO TEIXEIRA em 29/01/2022
Reeditado em 03/02/2024
Código do texto: T7440168
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