ESTUPRO EMOCIONAL

O emocional é o tal campo minado da nossa vida. Ele gosta de pregar peças e gosta de ficar jogando na nossa cara as coisas não resolvidas e as circunstâncias mais arredias da vida sempre a nossa frente para tropeçarmos nela.

Durante nossa vida escutamos muito que a saúde desse emocional vale muito. Que pessoas adoecem por causa dela, quando criança dá até medo dele. Mas a saúde mental é realmente muito séria.

Ouvindo a mãe de um rapaz, ela me falou uma expressão que eu parei para pensar e fui olhar o real sentido da palavra antes de abrir a boca. “Atos libidinosos realizados contra uma pessoa sem o seu consentimento. O ato realizado sem o consentimento, pode ser por força física, coerção, abuso de autoridade ou contra uma pessoa incapaz de oferecer um consentimento válido, tal como quem está inconsciente, incapacitado”. Esse é sentido da palavra ESTUPRO.

Ela disse estar sofrendo estupro emocional, eu ainda não havia escutado essa expressão. Fiquei pensativa enquanto escutava sua história. Já dizia minha avó que toda história tem dois lados e nenhum costuma ter razão definitiva. Traduzir esse estupro emocional para abuso psicológico não foi difícil. Difícil foi convencer quem eu escutava que essa seria a expressão correta.

O relato vem do filho que ela teve depois dos 49 anos. Uma geração totalmente diferente dos pais. Onde a modernidade e a irresponsabilidade ao outro é muito conhecida. Ela não é tão séria nem tão conservadora como se usa dizer hoje. Apenas uma mulher de seu tempo, onde respeitar significa amar o outro e se importar com a reação do outro transmite segurança e amizade.

O filho homoafetivo leva o namorado para casa, o que para ela não é algo a questionar, já que em casa que se namora nas famílias. Porém, ele abusa de sua liberdade. Fica o tempo todo pendurado no pescoço do outro, não fecha a portas ao estar no quarto. E a chama de retrograda. E por último, resolveu que quer mudar de sexo e ela disse que agora já chega.

Segundo a mesma ele não tem dificuldade nenhuma para lidar com a homoafetividade, quer apenas causar impacto dentro de casa, já que ela aceitou sua condição.

Até onde iremos com essa louca necessidade de ser diferente para causar e para impactar, não importante com o risco que se corre e com a agressão familiar causada. É uma expectativa que apenas o trocar de sexo vai fazer sua condição de vida melhorar, ou encontrar a razão pela qual vive. Mas são apenas expectativas. A vida continua sendo a mesma labuta de sempre.

Enfrentar a família nunca foi a melhor resposta para aceitação. De todas as pessoas que já conversei isso foi um processo até doloroso, porque são gerações e contextos de vida diferentes. Mas com respeito foram respeitados, com amor amados e se não aceitos houve um consenso de separação familiar. Mas sem essa agressão ao idoso.

As novas gerações vão encontrar pessoas desequilibradas emocionalmente por terem mudado de mais seus corpos, sem ter estruturado sua alma. Vão haver filhos perdidos por ter humilhado seus pais e pais arrependidos por ter abandonado seus filhos. Porque não sabemos conversar, não sabemos expor nossa opinião levando a vida do outro em conta.

A mãe que pede um filho um tempo de adaptação, um filho que pede um pai auxilio na confusão, e nenhum consegue se entender, porque não param para ouvir o som do coração no meio de tanta desinformação. Essa é nossa geração da comunicação em massa sem dialogo pessoal e residencial.

A religião que agride o fora dela, o de fora que julga sem nunca ter estado lá. O letrado que esqueceu a educação, o sem lei que esqueceu que um dia conta vai dar. Assim seguimos cada um querendo fazer o seu próprio caminho sem uma mão para segurar. E quando a idade chegar vai olhar para trás e se perguntar, o que fiz da vida? Porque tantos para trás?

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Leticia Carrijo
Enviado por Leticia Carrijo em 09/02/2022
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