O poder das palavras

Afinal, que base sustenta as relações humanas?

Carinho, amizade, respeito, zelo, reciprocidade?

Aparentemente, essas seriam as principais características para que relações (quaisquer que sejam) fossem criadas e, cuidadosamente, mantidas.

Mas vivemos num mundo em que a própria dor sobrepõe qualquer entendimento sobre a dor do outro.

O mesmo fardo tem pesos distintos para diferentes pessoas.

O que machuca mais um, talvez machuque menos o outro.

Afinal, “cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”.

Mas nós não estamos no jogo da discórdia de um reality show, em que insultos e conceitos preestabelecidos podem ser atirados ao vento. Não existe “a vida lá fora”. Esta é a vida.

Palavras são flechas lançadas.

Elas, inevitavelmente, ferem.

Quem as lança, momentaneamente, se liberta.

Quem as recebe, tem duas opções: revidar ou tirá-las do peito e, apenas, esperar que o sangue deixe de jorrar e a ferida cicatrize.

Há tempos, eu tenho escolhido a segunda opção.

Mais do que para poupar o outro, o faço por estar aprendendo a controlar a mim mesma.

Igualar-se àquele que nos machuca, ainda que pareça justo, apenas nos torna igual a ele.

E só quem tem o sangue correndo, fervorosamente, pelas veias, sabe o quão difícil é esse ato de abnegação.

Como mulher e professora de língua portuguesa, aprendi a perceber o peso de um discurso emocionado e o tamanho do peso que ele carrega e, também, os gatilhos que ele, inevitavelmente, causa.

De tudo que já vivi e, ainda vou viver, me vem um único conselho: antes de falar, respire, repense, pense no que isso pode causar no outro, nas consequências da sua fala e, se ainda sim, achar necessário falar, aceite que essa é a sua verdade e que, como qualquer outra, ela não é absoluta.