Nostalgia e Resgate

Em momentos como esse é que você observa o presente. Percebe que tudo não é nem sombra do passado, o futuro somente algo incerto, é natural olhar para o passado e sentir certa nostalgia. Assim estou eu!

Olho para história e vejo o quanto perdemos a memória. Povo sem história é igual povo sem identidade. Sem identidade não há resistência! Por que será?

Conclusão: o sistema tem seus motivos para tentar negar, apagar de nossas memórias qualquer ideia de raiz. E assim caminha a vida desse outro lado do país: divididos, desorganizados, individualizados, sem esperança. Bem vindos ao nosso presente absolutamente deprimente!

Tem horas que eu gostaria de ter nascido antes, tipo década de 60, só para poder os discursos de Martin Luther King e Malcolm X em suas lutas pelos direitos civis. Quem sabe não poderia ser a década de 70 para testemunhar a resistência contra o regime militar. Luís Carlos Prestes, Marighela, O Pasquim, O Cruzeiro só como exemplos. No México havia os Zapatistas, nos Estados Unidos tinha os Black Panters. Antes havia Paulo Freire, lutando por uma educação libertária, na causa ambiental, Chico Mendes lutava contra os grandes latifundiários.

O tempo é curto para falar de outras figuras.

Década de 80 surgiu, a ditadura caiu e os movimentos sociais, os sindicatos e movimentos estudantis ressurgiram, todos eles organizados e unidos na luta por igualdade de direitos sociais. Uma pena que essa época não peguei!

O que dizer do rap nacional na década de 90? Sem medo de falar, o papo era reto e não fazia curva. As letras eram de reinvindicação e proposta. Corajosos e destemidos, os MCS batiam de frente com o sistema, fazendo resistência. Felizmente, tive sorte de pegar um pouco dessa fase nos anos 2000.

Todas essas pessoas não tinham celular, internet, tablete, nem tantas informações como nós, mas havia neles de sobra o que falta na gente: união, disposição para lutar, coragem, ideal, convicção, consciência, altruísmo, esperança.

Embora os lugares e épocas possam ser diferentes, todos eles tinham algo em comum: sonhavam com um mundo melhor e diferente, mais justo e solidário e lutaram por esse mundo, onde muitos pagaram com a própria vida, tamanha foi à entrega.

Como não se emocionar? Como não se inspirar? Como não sentir saudades?

Infelizmente, vários deles hoje se encontram esquecidos, apagados da mente do povo, quando não desconhecidos.

Mas enquanto o poeta aqui viver, por mim serão lembrados e quem sabe não consiga inspirar outros loucos a lutar por um outro mundo com meus versos falando deles.

De resto, ficam somente as lembranças.

(2016)