AINDA SOBRE PAPA FRANCISCO E REFLEXÃO DE BENTO XVI. SPE SALVI.

Nenhum apossamento de saberes inseridos em temas de difícil penetração, traz conforto.

O “temor” das “sombras da porta da morte” na alusão do Papa emérito, não desce às profundidades mundanas do entendimento “pela rama”. Não se distingue onde não há distinção. O brasão de teólogo maior do Cardeal Ratzinger, condutor da doutrina da fé no Papado de João Paulo II, não está nem poderia, adstrito ás miudezas da superficialidade na interpretação. Dá-se importância ao que é importante.

Os saberes ascensionais do Papa emérito sabem e sabiam que uma advertência desse quilate poderia cair nas malhas dos incautos da fé, mas não falava para suas ovelhas, não é mais Papa, considerava suas guardadas reflexões intimistas na porta que está por se abrir pela temporalidade cursada.

Bento XVI, Papa teólogo, desde primeiros passos do ministério, vem sinalizando posições consolidadas. Entre elas, destaca-se a “hermenêutica da continuidade”, apontada no Discurso de 23.XII.2005.

Fundamenta-se na reflexão dos textos Conciliares escorada na luz da Tradição.

Aponta então que os textos conciliares não se explicam a si mesmos, são difusos e por isso de interpretação autêntica precisam, sem o que perdem a força vinculante aos dogmas e à fé.

É assim que assenta o conceito da virtude teologal da esperança, na forma posta pela Encíclica Spe Salvi.

Haveria descontinuidade com os textos conciliares. Persiste hiato em dois ângulos, a saber, omissão voluntária de qualquer menção ao Vaticano II em sua redação pelo próprio conceito de esperança, delineado em termos fundamentalmente transcendentais, e alheios à mentalidade intramundana presente nos documentos conciliares, principalmente e sobretudo na Constituição Pastoral Gaudium et Spes.

Fica clara a descontinuidade. Deve-se entender o “porquê” desta ênfase dada pela Encíclica, “que se deve, a nosso aviso, à centralidade da compreensão da esperança cristã como chave essencial de um antídoto antirrevolucionário.”

Mudanças no conceito da virtude da “esperança”, de acordo com os esquemas revolucionários é contra o que se insurge, e justamente contra esse conceito de ruptura com a esperança.

A salvação não é um dom, ela nasce da esperança inabalável. SUA ROUPAGEM QUE NÃO SE ESGARÇA É A FÉ. Inexistem sombras na realidade semântica.

Também não se define na presunção de uma nova ordem social a esperança. Esta configura-se em luta e ódio. A Paz do Cristo, a esperança da ressurreição, está na certeza de nossa salvação. Salvar-se de quê? Dessa mesma desesperança que a ordem social revolucionária de muitas ideias nunca trouxe.

Bento XVI mostra como a visão autêntica da esperança cristã é o antídoto para a síndrome revolucionária e seus sofismas.

Que trouxe Jesus?

A resposta é muito simples: trouxe Deus. (Bento XVI, S.S. Jesús de Nazaret, cap. As Tentações de Jesus, comentário à segunda tentação).

E em Jesus, Deus, não existem sombras.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 16/02/2022
Reeditado em 16/02/2022
Código do texto: T7453449
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