Desejo Imortal

Prorsus Solo* (rascunho inicial)

Quando eu contava com 13 anos de idade, no Ano Zero (1990), ouvi, por duas ou pouco mais vezes, de um colega de escola, que eu tinha uma enorme força mas não sabia usá-la. Estranho: há alguns anos eu tenho pensado nisso, até concordado com isso, mas no lugar da força eu colocaria a inteligência. A mim, então, falta um método.

Desenvolvi um interesse pelo cerne da matéria, pela composição mais nuclear possível da matéria (até hoje nos falam em quarks, que compõem os prótons, sendo sempre três ao todo, dentro dos prótons) a partir do segundo semestre de 2014, quando passei a redigir meu projeto literário mais ousado até hoje, com base em um diálogo inicial feito nos idos de agosto daquele ano, junto com alguns alunos do 9I, na escola onde leciono até hoje. Eles tinham me perguntado sobre uma suposta passagem subterrânea entre a escola estadual e a igreja matriz. Eu desatei a falar, contando uma história com um tom um tanto misterioso e místico, com base em experimentos científicos. Meus alunos (um grupo formado por quatro ou cinco deles) prestava total atenção. Esse projeto (o qual eu andei engavetando, por falta de inspiração) deveria contar com mais de 1.200 páginas e ser formado por alguns livros dentro dele – uma espécie de bíblia, pela quantidade de livros que formariam um único livro. Porém, essa bíblia seria dividida em três volumes. O nome dela aponta para uma relação irônica entre o tamanho da trilogia e o título em si mesmo: 9. Esse número mexe demais comigo e, como eu vim a saber mais tarde, Tesla tinha por ele, junto aos números 3 e 6, um enorme apreço. Esse número tem um significado enorme para mim. Dentre os motivos que eu tenho para pensar assim, posso citar dois: é o último número das unidades e representa uma espécie de _constructo_, de base, para uma figura geométrica (quadrado, triângulo ou retângulo) em que alguns pontos podem convergir ou divergir.

Eu não vou sossegar enquanto não tiver compreendido o cerne da matéria e a utilização industrial de cada elemento químico que compõe a Tabela Periódica. Antes, para ser mais claro, eu desejo saber como é que se pôde descobrir a quantidade exata de prótons presentes em cada átomo, haja vista que eles são infinitamente pequenos. Ademais, como se pôde chegar à conclusão de que, em camadas externas, o átomo conta com uma tal de elétrosfera? Que experimentos permitiram chegar a essa conclusão?

Eu gostaria de olhar tudo ao meu redor e já saber que elementos compõem cada objeto que eu posso ver. Gostaria de compreender bem melhor a composição básica da matéria. Pois somos parte dela e, num momento ulterior, deixamos de existir (esse corpo, sem a mente, é um amontoado de nada; daí ser enterrado e virar alimento para bactérias famintas e destruidoras). Eu creio que, a partir do momento em que nós compreendermos melhor e de modo mais aprofundado cada elemento da Tabela Periódica, bem como sua aplicação pela indústria, além de quais e quantos elementos compõem nosso corpo, teremos uma compreensão maior sobre nossa parcela material. Para somente a partir daí pensarmos em desvendar os campos da Espiritualidade, por exemplo.

Senhoras e Senhores, é preciso conhecer. Conhecer para nos conhecermos melhor. Saber de onde viemos e para onde vamos. Essa indagação é perene, mas talvez não seja infinita. Quiçá um dia ela nos será respondida. Por ora eu creio muito que, ao morrermos, voltamos para o lugar de onde viemos, como diz o cientista inglês Richard Dawkins: o Grande Nada. Eu posso estar enganado – o Poder Eclesiástico (e não Deus) ADORARIA que eu estivesse! –, mas eu convivo bem com esse pensamento. Se Deus realmente existe, Ele pode compreender meus anseios e meus questionamentos. Ele não vê isso com maus olhos. Não. Ah, outra coisa: recentemente uma pesquisa realizada no Canadá constatou que o tal do "filme de nossa vida, que passa para nós, após morrermos", conforme dizem algumas pessoas que receberam essa criação castradora, com forte apelo religioso, existe. Mas ele é explicado da seguinte forma: o cérebro mantém suas ondas ativas por 30 segundos antes e após o coração parar de bater (essas ondas foram registradas em experimento feito com ratos [eu não apoio testes em animais] e com um paciente que sofria de epilepsia). Ora, o registro dessas ondas cerebrais aponta para [uma possível] atividade cerebral em que memórias são ativadas mesmo após o coração ter parado. O estudo não é, de modo algum, conclusivo, pois há necessidade de ser feito com um número bem maior de seres humanos. Mas, por outro lado, é expectativo. Desperta interesse de parte da comunidade científica internacional em dar continuidade a esse tipo de teste. Para os devidos fins – além do fim da vida, como o conhecemos, claro.

Referência citada

Holly Honderich (BBC News Brasil) – Como cientistas mostraram que vida passa mesmo como filme antes da morte. Disponível em: <https://bbc.in/3hG5zSH>. Acesso em: 06 mar. 2022.

NOTA

* (Lat.) "Totalmente só".