Nome de gente

Todo mundo tem um nome. Mas você já pensou no porquê do seu? O que teria levado os seus pais (ou mesmo outra pessoa, como Caetano que escolheu o de Bethânia) a optarem justamente por esse que você carrega, e não outro? A explicação, quando tem, é bem variada. Alguns são decididos somente na hora do registro, enquanto outros são minuciosamente analisados, passando por vários crivos. Uns se detém no seu sentido original, e por isso “tem muito nome de gente, muito significado”.

Há os que já nascem com o nome decretado pelo Divino, como foi o caso, por exemplo, de Ismael (Gn 16, 11) Isaque (Gn 17,19), João, o Batista (Lc 1,13) e até mesmo Jesus, que também teve o seu assim determinado lá do alto (Lc 1,31).

Ainda na bíblia tem um caso sobre nomes, significados e trapaças, a de Esaú e seu irmão Jacó. Aquele foi assim nomeado em razão da abundância de pelos, diferente de Jacó que era liso, detalhe que foi fundamental para o que aconteceu no fim da história: o ganho da bênção com direito à primogenitura por um, em lugar do outro (Gn 27).

As datas também são inspiradoras e até transformadas em canção: “Natalício e Natalino, nasceram os dois no Natal, Domingos foi num domingo, na páscoa nasceu Pascoal; Genaro, foi em janeiro; em março nasceu Marçal; Aurora porque nasceu na hora que nasce o sol”. Em janeiro ainda, “toda gente homenageia Januária na janela” que até foi nome de princesa, assim chamada para exaltar o Rio de Janeiro, onde nasceu.

Ocorre também a influência nessa escolha da tradição familiar com o fim de perpetuar a casa com um Júnior ou Filho, aparecendo, mas não muito comum, uma Filha também. Alguns herdam os nomes como homenagem a algum parente, sendo os avós os preferidos. Sou um deles, Antonio Fernando, enaltecendo os prenomes dos meus avós. Há ainda os que o pegam parte do nome de um e de outro, o que nem sempre resulta uma boa sonoridade, para dizer o mínimo.

E os nomes da moda? Personagens de novelas e filmes desencadeiam uma onda dessas “graças”. Quantas Marilyns, Déborahs, Ritas ou Elisabeths, não foram assim denominadas? E vieram também pela música “os Amaros, Morenos e Davis, os Pablos, Pedrinhos, todos esses guris” botando pra quebrar nesses anos 2000.

O que dizer dos nomes “malditos”? Foi o que serviu de mote para Carla Madeira engendrar uma bela história em Véspera, com os nomes de Abel e Caim dados pelo pai como forma de “preparar em fogo baixo uma vingança bem fria” contra a esposa que o desprezava. E Hitler? E Judas, que se não vier acompanhado de Tadeu será sempre aquele que traiu o Mestre?

Comicidade também há. É o caso daquela fã de Roberto Carlos não atentando que o título da música, “O divã“, era alusivo ao mobiliário do analista, e ali se inspirou para nomear o filho Odivan, que ainda teve a desventura de jogar num famoso time carioca com mania de cair para a série B do campeonato nacional.

Casos isolados de ojeriza ao nome, sempre há. Mas em geral as pessoas carregam os seus com orgulho e até gritam “meu nome é Ébano, o novo peregrino sábio dos enganos”. E o seu, qual a reação que lhe provoca ao ouvi-lo sendo pronunciado? É como uma música agradável aos seus ouvidos?

Fleal
Enviado por Fleal em 08/03/2022
Reeditado em 08/03/2022
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