Lá estava ela afobada como sempre. Mal vista pelos literatos abusadores da linguagem culta, saia pela tangente. Ao menos era lógica. 

- Tem espaço pra todos na gramática! Se a mesa não tem pé, o que impede uma adaptação? Ninguém está assassinando a sangue frio a língua portuguesa. É só um jeitinho brasileiro. Vai dizer que ouvir o julgamento está nas mãos do STF não deixa a frase mais imperiosa? Além de o sujeito tornar-se mero acessório: assim não presta contas e nem investe em segurança.

- Metonímia, metonímia. Cheia de si como sempre! Mas há quem diga que você não passa de um quebra galho confuso e desnecessário. Pedir as mãos em casamento é um disparate. Imagine as mãos respondendo? Como se tivessem boca... Poderia ser menos presunçosa, menina? Respeite os meus cabelos brancos!

- Não está mais aqui quem falou, D. Figura de Linguagem, a conceitada e fecunda. Sem comparação ou predileção entre nós. A catacrese e eu já temos até uma conexão na adoção das palavras! Confundem-nos, como gêmeas univitelinas. Já com a comparação... Bivitelinas. Mas sejamos sinceras, respeitar o seu cabelo ao invés da sua velhice? Contraditório. Não há quem não se renda... Risos. Nem mesmo você, criatura!

- Ah, menina, atrevida, Vai logo chamar os outros. Já vou fechar a Gramática!

- Pede pra estilística ser mais tolerante, não gosto de pressão. Tem replay: conteúdo é empurrado goela abaixo e queda no abismo do esquecimento. Exceção pra metáfora que é a queridinha do Brasil!

 

Mônica Cordeiro
Enviado por Mônica Cordeiro em 15/03/2022
Reeditado em 15/03/2022
Código do texto: T7473143
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