ONDE ESTÁVAMOS NÓS...?

ONDE ESTÁVAMOS NÓS...?

Quando a mente e o coração estão abertos para a vida, as cercanias são vistas, sentidas e ouvidas ao sabor da criação. Quando a racionalidade humana é vencida e a transcendência se eleva ao aparentemente desconhecido, quando surpreendidos pelas obras da criação, nos encontramos outra vez. Foi assim que, certamente numa noite escura, um homem temente a Deus, tendo encontrado tempo para se deleitar olhando para cima, olhando para os céus, contemplando as estrelas e o firmamento, saciou a sede do seu espírito numa confissão deslumbrante: “Os céus manifestam a glória de Deus; o firmamento proclama a obra das suas mãos...” Onde nos encontramos, quando não mais percebemos as coisas que nos cercam; quando não mais importamos em fazer as nossas confissões, declarações do quanto amamos, dos quais são amados por nós? Não teríamos aprendido a contar os dias? Ou estivemos debruçados sobre a janela, aguardando o prenúncio de um novo dia até viesse a noite e, estivéssemos rendidos novamente: “Um dia fala disso a outro dia; uma noite o revela a outra noite”. Contando os dias, momentos são criados por nós em tempo de meditação, recordação sobre o que se fizemos, ou, sobre o que fazer. Como acontece quando revendo os álbuns de fotografias, podendo emocionar com as lembranças ainda guardadas na mente e no coração, como se dias passados pudessem falar disso em outros dias. Estando em nosso canto de quarto, vivendo no imaginário a falsa realidade das lembranças revividas, renascidas com emoção e saudades. Mais um dia, uma outra noite sendo revelada no silêncio de cada momento trazido de volta em sonhos acordados. “Sem discurso nem palavras, não se ouve a sua voz. Mas a sua voz ressoa por toda a terra, e as suas palavras, até os confins do mundo. Nos céus ele armou uma tenda para o sol, que é seu aposento, e se lança em sua carreira com alegria de um herói.” Nossos momentos solenes e cheio de graça, permitindo reviver, recordar de palavras que nos foram ditas, que fizeram bem ao nosso coração, cuja distancia não medida, mas que ainda ecoam aos nossos ouvidos sem que fossem pronunciadas. Que ser é este que somos nós neste universo de meu Deus? Capaz de sentir paixão, amor, gratidão, vontade de perenizar momentos vividos em tempos tão distantes. Lá nos recônditos da alma vivem as boas lembranças. Elas apenas estão adormecidas em nós, e em um momento qualquer, elas se apresentam em nossa mente, fazendo de nós, verdadeiros heróis, por ter vivido a verdade que tem feito de nós o reflexo do Criador – com amor e vida. Assim como sol que “sai de uma extremidade dos céus e faz o seu trajeto até a outra; A lei do Senhor é perfeita, e revigora a alma. Os testemunhos do Senhor são dignos de confiança, e tornam sábios os inexperientes.” Quem é o sábio? Certamente é aquele que entende que o homem e assim como toda a criação pertence a Deus e tudo o que ele criou, o fez com um propósito. Somos dotados de amor e vida, somos parte do Testamento de Deus deixado a nós, e é a Palavra que atesta as maravilhas da criação, tudo para nós e por a cada um de nós. Quem poderá descrever os mistérios de Deus? Tudo o que Deus estabeleceu por suas leis, são perfeitas, desde as moléculas, o átomo, as coisas maiores ou as menores, tudo ele criou: “Os preceitos do Senhor são justos, e dão alegria ao coração. Os mandamentos do Senhor são límpidos, e trazem luz aos olhos. O temor do Senhor é puro, e dura para sempre. As ordenanças do Senhor são verdadeiras, são todas elas justas.” Nestas coisas, o amor de Deus em nós, nos ensina a amar, a enxergar as obras da sua criação, e isso inclui eu e você, e por isso me debrucei sobre a leitura do Salmo 19.1-9 (de Davi), deixado nas entrelinhas para que pudesse descrever o quanto tenho em conta as boas amizades construídas, desde que me entendi como gente, da adolescência à vida adulta. Desde quando a nossa pele era lisa e perfeita até quando agora nos vemos enrugados, de cabelos brancos e pernas cansadas. Porém, ainda posso dizer o quanto nossas vidas são preciosas, o quanto as nossas lembranças nos revigoram, o quanto desejamos dar um abraço apertado e dizer que a vida vale a pena quando tememos a Deus e aprendemos a amar as pessoas que ele tem nos dado em nossa caminhada. Onde estávamos nós que não pudéssemos dizer que juntos construímos uma linda história de amor, puro e perfeito, dentro dos propósitos daquele que nos amou primeiro. Onde estávamos nós?

(usei a versão NVI)

14-03-2022