Proibição de rádio de pilha no estádio de futebol

Sempre fui daqueles torcedores acostumados a frequentar a arena esportiva com um radinho de pilha no ouvido. Não existia as redes sociais como temos hoje: Instagram, Whatsapp e twitter, onde podemos facilmente ter a escalação do clube, uma hora antes da partida. No meu tempo, década de 90, só conseguíamos acessar as informações por meio da jornada esportiva de uma certa emissora local. No Ceará tínhamos, Assunção, Verdinha, Cidade, Rádio Clube e Pitaguary. Era toda uma musicalidade na abertura, com o locutor apresentando todos os fatos que permeiam aquele espetáculo. Quem tinha um rádio para ouvir saberia logo quem estava escalado, os desfalques e tudo mais. Como o borderô do jogo faltando 15 minutos para acabar a partida.

Quem não tinha o acesso a esse mecanismo de transmissão das ondas da AM ficava como que sem saber quem eram os 11 jogadores que estavam em campo. Eram tantos aparelhos radiofônicos e de vários tamanhos que se perdíamos em tantos barulhos, misturados com a bateria das torcidas organizadas. Hoje ficou mais fácil torcer com mais conhecimento de tudo em segundos. Mas o que era interessante antes era o mistério, aquela descoberta instantânea.

Os repórteres reversando a cada momento uma noticia bombástica, um fato novo. Quando o torcedor ficava com raiva quebrava o rádio, ou jogava da arquibancada. Como foi em 7 de setembro de 1993, quando Elói fez um gol aos 24' do primeiro tempo e um torcedor jogou seu rádio de cumprimento até razoavelmente grande lá de cima, nas gerais. Não teve paciência de ver a virada do Ceará com gols de Vitor Hugo 45', Sérgio Alves 25' segundo tempo e Mirandinha 39' da etapa final, sobre o Fortaleza na Série A daquele ano.

Hoje estão evitando deixar o amante do futebol ter seu companheiro de tantas fases da vida no lugar que lhe é destaque o estádio. Temos o celular, mas nunca é a mesma coisa. Não podemos justificar que pessoas brutas que violam a liberdade, como foi o caso do torcedor do Grêmio que atirou um celular na cara do jogador que comemorava um gol , possa ser motivo para que não tenhamos o companheiro do ser humano, de sempre. A bola e o gramado parecem os mesmos, mas a emoção da internet não chega aos pés do passado saudoso.

Carlos Emanuel
Enviado por Carlos Emanuel em 22/03/2022
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