Filmes, livros, o que indicar?

Indicar livros, filmes, músicas ou até restaurantes, costuma ser tarefa inglória. Como se trata de gosto, a máxima permanece: o tal não se discute. Boas intenções só, não bastam. Mas há sim, os acertos, da parte de quem conhece bem o outro, a ponto de arriscar, “Nando você vai amar esse livro”. Tenho, e me orgulho, amigas que são assim, com suas indicações certeiras, fruto de quem está sempre escutando os meus sinais.

Mas há os que indicam e cobram pelas indicações, talvez por esquecer o tempo da delicadeza. Como prova uma amiga me soltou um “aqui pra nós”: “detesto quando uma pessoa me dá um livro de presente e depois fica perguntando se li e o que achei da leitura”. Pois é! Será que porque eu li e apreciei, o outro tem a necessária obrigação de ler e gostar também? Para fugir do incômodo, se vai presentear com livros, há uma pergunta fundamental: “que livro você gostaria de ganhar”?

Assim é com tudo em que o gosto individual deve ser observado, pois do mesmo jeito que a sugestão pode ser acatada o outro talvez cochiche com seus botões de carne e osso, “como é que se indica um filme desses, ou um livro, ou um restaurante, a uma pessoa”?

Pulo para sugestões de filmes. As minhas preferências são bem peculiares aos anos vividos. Já tendo há muito derrapado na curva perigosa dos cinquenta, a minha predileção passou a ser por filmes românticos, de preferência com final feliz. Pode até acontecer que uma vez perdida assista algum que fuja a esse padrão, mas é raro, e quando acontece, vindo de uma indicação segura.

Todo esse leriado é para falar de The Batman, que depois de vários adiamentos provocados pela pandemia, estreou recentemente nas telas. Um dos netos sugeriu a ida ao cinema, já com o filme engatilhado. Não sou fã de filmes de super heróis e em outra ocasião a minha sugestão seria que ele assistisse o que queria e eu iria ver outra película na sala ao lado. Mas na hora eu lembrei de ter lido um comentário sobre o filme assinado pelo querido professor Chico Viana em postagem no Facebook. Lembrei do final: “Fotografia e música (por vezes bombásticas) ressaltam a atmosfera opressiva. Pelo elenco, a fotografia e a concepção original, que humaniza e ‘problematiza’ o tradicional personagem dos quadrinhos, ‘The Barman’ merece uma ida ao cinema”. Obediente, fui. É claro que ajuda muito esse “de onde vem a indicação”, que não é “encomendada” por nenhum estúdio, nem como as muitas resenhas de livros que andam à solta por aí, e em que todos eles são a “última coca cola do deserto”.

Confesso que com a minha mania de romance, de final feliz, vi logo, pelo clima gerado, o começo de uma história de amor, associada ao combate ao crime, entre o Morcego (que está só, sem o seu fiel escudeiro, Robin) e a Mulher Gato, imaginando qual o destino que as motos seguiriam na encruzilhada adiante. Um para a direita, outra para a esquerda, ou seguiriam juntos? Aqui é como toda a fita em série que se preza, acaba sempre no melhor pedaço. Sem spoiler! Mas posso dizer que a indicação do professor seguiu na mesma direção, resultando em quase três horas de um bom lazer cinematográfico.

Fleal
Enviado por Fleal em 22/03/2022
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