Pelos olhos…

Pode demorar dias, meses e, até mesmo, anos.

Vai chegar o momento em que você vai perceber que, talvez, tudo aquilo que você viveu não era tão verdadeiro quanto parecia.

Fomos enganados por alguém?

Enganamos alguém?

Não.

A verdade é que nos enganamos.

As feridas semi-abertas, o cansaço da caminhada e a ânsia pelo tal “final feliz” nos fazem acreditar que, desta vez, é de verdade.

Então inventamos uma personagem pela qual nos apaixonamos, mesmo sem saber (ou sem querer saber) quem, de fato, o outro é.

Esse (des)encontro pode durar alguns dias ou pela vida toda.

Quando (e se) acaba, há quem diga: Não deu errado! Deu certo enquanto durou!

Podem me julgar, mas eu, definitivamente, não acredito nisso.

Amores são pra toda vida.

Ressignificam-se, mas são pra toda vida.

A pessoa que você julgava ser o amor da sua vida não pode, de um dia pro outro, ser mais um na multidão.

Você não reconhece mais suas atitudes, suas buscas e, principalmente, seu olhar.

Ah… o olhar!

Se todos pudessem entender quanta verdade há nele…

Não há poder argumentativo que sustente a honestidade implacável de um olhar.

Pode-se enganar por meio de palavras, gestos, trejeitos, mas nunca por meio de um olhar.

Relacionamentos acabam. É a vida.

Mas uma história que não pode ser contada pelos olhos, provavelmente, não existiu.

Que eu possa, cada dia mais, encontrar olhares capazes de contar e ler histórias que nenhum idioma seria capaz de, em palavras, traduzir.