CRISTOS SOFRIDOS, PÁSCOA.

Cristo Crucificado, Cruciado também, atormentado no flagelo antecedente à agonia final. São muitos os Cristos, Ele O disse, estão sob nossos olhos; os que sofrem dores plurais.

Passo em minhas caminhadas ao entardecer, nessa fase de verão tropical, e vejo na porta de uma padaria, deitado na calçada dura como a vida para esses Cristos, um adolescente descarnado, esquelético, maltrapilho, absolutamente sujo, dormindo o sono dos abandonados. Todos passam. ignoram. Diante de minha parada e olhar de comiseração, alguns passam a olhar em

breve parada.

Por quê? Por quê? Abraçar a generosidade sentida, doar realmente amor enquanto somos forma, pouco se vê.

Abrir a janela da alma, refúgio da mente, razão, rasgando do nascente ao poente sua íris à luz do sol; dignidade. Viver, sobreviver na possibilidade de felicidade, enganosa diante desses choques de realidade.

Viver no meio das máximas pequenas, que se perdem no desengano acreditadas.Perguntas voam do desconhecimento ao nada. Maioria insatisfeita, almas pequenas; vagarosas.

Aceite a desordem que campeia, estamos inermes, mas coloque em ordem sua possível desordem; receba a verdade do bem. Do pó ao pó, e do tudo, ver algo mais que um salto no escuro, o desconhecido com seu milagre infinito.

Abraçar a generosidade sentida enquanto somos forma, entender o existir não existindo mais, passagem frágil e volátil exposta e compreensível; é tudo um. Vidência da frequência positiva alcançada, se possível.

Aceitar a aceitação do não-ser sendo, eternizado no passo breve e nas pegadas longas, ao lado da boa vontade.

Assistir os Cristos Crucificados de forma reverencial, largados no mundo. Por Eles pedir.

Nada que existe deixa de existir, somos o efeito da eternidade que não cessa desde sempre. Trânsito das almas ocupando seus espaços onde tudo se transforma, observo, sinto, e vejo, aperfeiçoando imperfeições passadas, do que seria, foi e é, de outros espaços ocupados, vidas e formas, plasmadas em diversidades. Sofrimentos...

Passo infinito dando ao cérebro razão do encontro, um passo caminhado de uma longa estrada. Nossa estrada é longa, pensamos ser curta, breve. Não se muda a eternidade. Ela é nossa habitação. Doando um pouco de nós, mesmo em pensamento aos TANTOS CRISTOS QUE SOFREM, já é uma parcela de boa vontade.

Que possa ressurgir na Páscoa um pouco mais de BOA VONTADE.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 14/04/2022
Reeditado em 14/04/2022
Código do texto: T7495033
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