Crônica de um domingo de outono

Domingo típico de outono, temperatura amena. Levanto após as 8, quase 9 na verdade. Faísca (a gata) e Bolota (o cachorro) alimentados. Já posso tomar o meu café. Várias coisas por fazer, serviço atrasado... Mas o dia está preguiçoso e pede uma caminhada. 9:56 da manhã, portão aberto e caminhada iniciada. Vamos dissipar energias e, para isso, nada melhor que o sol. O sangue precisa circular e o corpo minimizar o sedentarismo. Vamos observar as ruas...

As ruas estão cheias de cores, flores e odores aos quais não damos a devida atenção ou não temos o tempo para isso devido à correria cotidiana pela sobrevivência. Há tanta coisa a se observar... Inclusive a simplicidade de uma borboleta que se permite ver num “mato” qualquer.

O céu, desejo humano em todos os sentidos, presenteia-nos com o sol, com as nuvens e às vezes ambos. Hoje faltou a chuva, mas ela já andou caindo por esses dias e resolveu nos dar um refresco. Se o brilho está disponível para todos, por que será que tem tanta gente que quer sempre apagar o brilho alheio como se isso fosse aumentar o seu? Ledo engano. Quando apagamos o sol do outro, apagamos o nosso próprio na mesma proporção.

O outono, no início, ainda não fez as folhas das árvores caírem preparando a renovação que atinge o auge no verão, mas que antes precisa suportar os rigores do inverno. A natureza resiste muito bem a tudo isso. Mas e nós?... Nós estamos em diferentes estações que, às vezes, misturam-se todas ao mes-mo tempo. Assim, perde-mos a beleza de cada uma. Queremos a vitalidade da primavera e do verão, mas esquecemos que é nas as-perezas do outono e do in-verno que nos fazemos fortes e sábios.

E a caminhada segue... As flores antes não percebidas continuam aparecendo e o céu continua belo. Há tanta simplicidade a que não damos atenção, valor... Observar o céu e as flores por exemplo... Ainda pude notar numa praça o pai que brincava com o filho, o casal que namorava tranquilamente. Raridade. E ainda, numa rua, a mulher que brigava com o marido porque ele saía perto da hora do almoço. O que houve antes? Certamente ela tinha razão.

E a caminhada segue... Se há tantas flores, que nascem até nos lugares mais inóspitos, por que nós damos tanta atenção aos espinhos? Ou por que será que às vezes fazemos de conta que eles não existem? As pessoas circulam pelas ruas sem olhar à sua volta, uma mãe (jovem até) acocora-se na calçada enquanto o bebê está confortável no carrinho ao seu lado. Porém, o bebê perde atenção para o celular. Noutro canto, um grupo de pessoas assiste, fazendo barulho, a jogo de futebol de várzea. O barulho se justifica nesse contexto, mas trazendo para a vida prática, por qual motivo as pessoas fazem tanto barulho por nada ou por tão pouco? Não seria mais fácil deixar o jogo seguir?

Ah, sei lá! Deixa as coisas acontecerem como tiverem de acontecer...

Caminhada chegando ao fim. Quase 11:30. Graças a Deus existem flores, céu, sol, nuvens, vida... Graças a Deus que existe a oportunidade de caminhar. E parodiando a “peixinha” Dory: continue a andar. Não importa a velocidade, continue a andar. Não importa o terreno, continue a andar. Não importa o céu, continue a andar. Sozinho ou acompanhado, continue a andar. E que enquanto andamos nos caminhos da vida, não nos esqueçamos de olhar as flores, o céu, as nuvens, tudo ao nosso redor.

Por fim, barba feita, banho tomado e crônica concluída às 16:53 do dia de hoje: 03 de abril de 2022. Agora as demais coisas podem ser feitas, mas o trabalho vai continuar em atraso.

Cícero – 03-04-22

Cícero Carlos Lopes
Enviado por Cícero Carlos Lopes em 16/04/2022
Código do texto: T7496371
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2022. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.