NO MAR MORTO E NO RIO JORDÃO

 

     De Tiberíades, após fazermos três pernoites, tomamos a direção do Mar Morto. Antes, porém, nos deslocamos ao Monte das Tentações, em pleno deserto da Judeia, onde a aridez da região, o ar seco e o calor causam certa agonia. Nesse monte que fica em Jericó, Jesus passou quarenta dias e quarenta noites jejuando e foi tentado por Satanás, por três vezes (Lc 4, 1-13). Há um mosteiro construído no Século VI sobre a caverna onde Jesus esteve. Como o lugar é muito íngreme, um teleférico proporciona uma vista espetacular do vale que o circunda.

     Ainda em Jericó, tida como a cidade mais antiga do mundo, visitamos uma árvore semelhante àquela que Zaqueu, um cobrador de impostos e de baixa estatura, subiu para ver Jesus passar na multidão, fato que o fez mudar completamente de vida (Lc 19, 1-10). A árvore de Zaqueu era um sicômoro, uma figueira brava, cujas folhas eram tóxicas e soltavam uma espécie de pó que produzia coceiras. Também ali Jesus devolveu a visão ao cego Bartimaeus (Lc 18, 35-43).

     Após a Santa Missa rezada pelo Padre Weslley na Igreja do Bom Pastor, igreja de uma pequena comunidade de duzentos cristãos árabes, partimos para o Mar Morto, uma lagoa de água muito salgada. O mar não é mar, mas um lago, nem é morto, embora nele não vivem peixes. Localiza-se no Oriente Médio, entre os territórios de Israel, Palestina e Jordânia, sendo alimentado pelo Rio Jordão.

     Para nós foi técnica a parada que fizemos em resort de luxo, banhando-nos nas águas do Mar Morto que, pela sua densidade, não nos deixa afundar, mas permite até lermos um livro flutuando em suas águas mansas. O local está a quatrocentos metros abaixo do nível do mar, sendo considerado o lugar mais baixo do mundo.

     No dia seguinte retomamos a viagem, indo conhecer o sítio arqueológico dos essênios, uma comunidade judaica que escreveu os chamados Pergaminhos do Mar Morto que, por não integrarem o Cânon da Igreja, são considerados pseudo-evangelhos. Esses escritos são antigos textos judaicos do Século I descobertos em 1947 depositados em cavernas de Qumran. Eles têm contribuído significativamente para os estudos bíblicos em vários campos, especialmente para a reconstrução do mundo de Jesus. Tivemos a oportunidade de ver alguns originais que se encontram no Museu de Israel, em Jerusalém.

     De Qumran seguimos para Kasser el Yahud, lugar onde Jesus foi batizado. Está situada na Cisjordânia, mas é ocupada pelos israelenses e reivindicada pelos palestinos. Neste local, por onde corre o Rio Jordão, acontecem cerimônias batismais. Jesus foi da Galileia para o Rio Jordão, a fim de se encontrar com João e ser batizado por ele. Segundo a tradição, no lado ocidental ocorreu o batismo de Jesus por João Batista (Mt 3, 13-17), denominado em árabe como Al-Maghtas, um nome historicamente usado para o local de peregrinação.

     É também o local considerado onde os israelitas atravessaram o Rio Jordão (Js 3, 14-17) e onde o profeta Elias ascendeu ao céu (2 Rs 2, 11). Houve também dois milagres no Jordão produzidos pelo profeta Eliseu, a cura do leproso Naamã (2 Rs 5, 14) e a flutuação do ferro do machado (2 Rs 6, 6). Nas proximidades existe um mosteiro ortodoxo grego, erguido em honra a São João Batista.

     Seguindo, então, a tradição, nesse local nós renovamos o batismo, em cerimônia simples segundo o rito católico e celebrada pelo Padre Weslley. Após a celebração nos deslocamos ao Rio Jordão e nele nos banhamos ou simplesmente nele penetramos. Depois recolhemos água do rio e a trouxemos para nossas casas.

     O Rio Jordão nasce na encosta do Monte Herrmon e segue até o Mar da Galileia para desaguar no Mar Morto. As águas do Jordão, que significa “aquele que desce” ou “lugar onde se desce”, eram a principal fonte hídrica de Israel, hoje substituída pelas águas dessalinizadas do Mar Mediterrâneo.

     Renovados no batismo partimos para Jerusalém. Eram cerca de 16:30 horas do dia 31 de março de 2022 quando entramos em Jerusalém, ponto principal e final de nossa peregrinação. A Jerusalém sonhada se abria aos nossos olhos e um ponto particular dela era buscado por todos, o Monte do Templo na antiga cidade de Jerusalém.

Reunido o grupo, fizemos uma oração de agradecimento a Deus por estarmos em Jerusalém, a cidade do Grande Rei, elevamos preces por nossos familiares e amigos e pelo Padre Hachid Ilo B. de Sousa, idealizador desta peregrinação, falecido em 22 de maio de 2021.

     Brindamos com vinho nossa chegada, após palavras de boas-vindas à cidade e de recapitulação das passagens que vivemos até aquele deslumbrante momento, ditas pelo guia Iuval, seguidas de palavras de reflexão da representação espiritual de Jerusalém em nossas vidas e de esperança da verdadeira terra prometida, proferidas pelo Padre Leandro.

     Terezinha nos conclamou à uma grande alegria e todos nos abraçamos, gritamos vivas e com sorrisos largos fomos cuidar da nossa hospedagem, peregrinos que éramos na terra do nosso Senhor.

 

 

Ailton Elisiario
Enviado por Ailton Elisiario em 18/04/2022
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