Apaixonar x desapaixonar

“O que é o amor? Onde vai dar? Parece não ter fim”. Muitos assim se perguntam e até têm essa sensação. Outros questionam, já com a resposta pronta: “sabe você o que é o amor? Não sabe, eu sei”. Mas como se iniciam e acabam as histórias de amor? Mistérios...

Muitas são “histórias banais, por vezes desiguais”, em que a pessoa vai se enredando como se o amor fosse “um grande laço, um passo pr’uma armadilha” e que, de repente, a pessoa se percebe enlinhada nas teias da paixão. Em outros casos é o inusitado que vence, na contramão de qualquer lógica, e que acaba predominando para que elas aconteçam. Tais histórias às vezes se parecem com “nuvem passageira que como o vento se vai”. Outras podem até acabar, mas têm um quê de “infinito enquanto dure”. Tantas mais resistem a todo tipo de intempérie. Assim é o amor em suas múltiplas facetas.

O certo é que “o amor é a coisa mais triste quando se desfaz” e a mesma pessoa que um dia disse “siempre fuiste la razón de mi existir, adorarte para mi fue religión, y em tus besos yo encontraba, el calor que me brindaban el amor y la pasión “, percebe que “o amor se foi perdido, foi tão distraído que nem me avisou”, tudo acontecendo “de repente, não mais que de repente...”

É chegada então a hora do “podemos ser amigos simplesmente, coisas do amor, nunca mais”. Mas será que é tão simples assim? E que da mesma forma que as pessoas se apaixonam, elas também se desapaixonam?

Essa pergunta – podemos nos desapaixonar quando quisermos? - eu vi numa matéria da Folha de São Paulo, traduzida do The New York Times. O americano, que é como a bossa nova para Caetano, estuda tudo. Primeiro descobriu em análise de imagens que a mesma área do cérebro associada à fome e à sede é ativada quando a pessoa está apaixonada, tornando-a “um impulso, não uma emoção”. A conclusão é que essa função biológica torna o desapaixonar-se tão difícil quanto tentar não ter sede.

O passo seguinte foi ver como as pessoas podiam se sentir menos apaixonadas. Utilizaram para isso duas estratégias. Primeira: ter pensamento negativo sobre a pessoa da qual se quer desapaixonar. Verificou-se que isso pode até fazer a pessoa se sentir menos apaixonada, mas não a deixa feliz com essa negatividade, muito pelo contrário.

A outra forma é a distração, pensar em coisas que a deixam feliz além da pessoa por quem está tentando se desapaixonar. Concluiu-se que isso tornava as pessoas mais felizes, mas não menos apaixonadas. Uma combinação das duas, chamada na pesquisa de “soco duplo” teve melhores resultados: pensamentos negativos seguidos de uma boa dose de distração. Conclusão do estudo: as pessoas são capazes de diminuir deliberadamente seu amor, mas não bani-lo completamente e que a duração média para curar sentimentos feridos, dependendo do tempo do relacionamento, foi de seis meses,

Uma amiga, muito antes dessa pesquisa, criou a sua fórmula: depois de dizer “vá, se mande, junte tudo que você puder levar”, no primeiro dia do fim do caso chorava e se descabelava o quanto podia. No segundo ainda chorava muito, mas sem se descabelar. Do terceiro dia em diante mandava o “defunto” para a casa de onde ele nunca deveria ter saído, e “adeus amor adeus”. Dava certo, mas, convenhamos, “bom mesmo é amar” sem fim.

Fleal
Enviado por Fleal em 26/04/2022
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