Qual o contesto?

Outro dia li no para-choque de um guincho – “Tempos difíceis, forjam homens fortes”. Confesso que num primeiro instante a frase me passou uma energia muito positiva, e creio mesmo ser esse o intuito. Porém num segundo momento, lendo notícias e artigos, ouvindo as rádios, os Podcasts, assistindo a programas, lives e vídeos, conversando com parentes, trocando ideias com amigos, a tal frase novamente me veio à mente como num confronto com a realidade. Será mesmo? Indaguei-me.

Qual tempo eu posso considerar difícil? Qual é a realidade e qual é a verdade?

Mas a reflexão da frase se fez mais profunda, será que era para eu pensar como pessoa isolada, ou como núcleo familiar, como parte de grupo de amigos, de conhecidos, de uma organização, associação ou como cidadão a nível municipal, estadual, do meu país ou do mundo?

Pareceu-me que a tal frase cabia em todos eles, mas que não necessariamente iria me fazer encontrar a essência do que é se tornar uma pessoa forte.

Penso que antes devo entender as seguintes definições:

- Tempo - uma intuição pura a priori no plano da sensibilidade, uma noção objetiva de observação e não é extraído da experiência, mas sim prévio a qualquer experiência (referência – Immanuel Kant).

- Difícil - lat. difficĭlis, aquilo que é pouco acessível, que dá trabalho, penoso, árduo'.

- Realidade - característica ou particularidade, daquilo que existe verdadeiramente; circunstância ou situação real.

- Verdade - aquilo que está intimamente ligado a tudo que é sincero, é a ausência da mentira, a afirmação do que é correto, do que é seguramente o certo, é a propriedade de estar de acordo com o fato real ou a realidade.

Tudo isso sabendo nos arremete a mais uma demanda para entender o que é ser psicologicamente forte - ter competência para aceitar, administrar e digerir todos os tipos de sofrimento e contrariedade que a vida forçosamente nos determina, e aí me ouso completar de punho próprio, com o tomar as ações corretas, concretas, verdadeiras dentro da realidade dos fatos reais no tempo vivido.

Por isso quando somos forjados, produzidos nessas circunstâncias podemos nos tornar seres “fortes”, melhores até, desde que tenhamos o discernimento (saber distinguir, diferenciar) e o entendimento (saber compreender, perceber) de todo o contesto que nos cerca; o que, diga-se de passagem, ao menos para mim é muito para poucos, pois tão difícil como pode ser o tempo em que se vive, as circunstâncias vivenciadas do momento que nos cerca ditam regras que nos alocam no perímetro da bifurcação entre o certo e o errado, entre o fraco e o forte.