A MÃE

Todo Mundo sabe o que é uma irmã ou o que é uma esposa, mas quem sabe o que é uma mãe?

Quando uma criança diz: “Eu não tenho casa, eu não tenho abrigo, eu não tenho pão e não tenho carinho”, sabe o que isso quer dizer? Que não tem mãe!

Quer compreender a profunda solidão de ser órfão? Pois só se consegue sendo órfão (como sempre fui).

Observa duas crianças a brincar alegremente, num dado momento as duas crianças tropeçam e caem ao mesmo tempo e rolam ambas pelo chão.

Um deles sente instantaneamente dois braços carinhosos que o levantam, umas mãos que lhe limpam a roupa e uns lábios impacientes que lhe beijam as faces. Esse tem mãe!

O outro espera em vão; levanta-se pouco a pouco, sacode ele mesmo com tristeza o pó de sua vestimenta e vai confiar à parede mais próxima seus entrecortados soluços. Esse não tem mãe!

Da mesma forma que Deus colocou uma partícula de sua sabedoria na alma do homem, colocou no coração da mãe todo seu amor.

Em minhas reflexões deparo com um bizarro contraste: o homem tudo vasculha, tudo penetra, tudo decifra.

Sabe que duas linhas oblíquas que se juntam num determinado ponto formam um ângulo; sabe que do carvão cristalizado se consegue o diamante, sabe que o Sol tem manchas e que existem outros planetas.

Sabe o que acontece à Terra, anuncia as revoluções dos astros e promove as revoluções entre os povos, conhece todos os idiomas e explica todos os mistérios.

Não nego meu assombro diante de tanta maravilha.

Pois bem, entre esse sábio a quem nada se oculta e a mãe que tudo ignora, coloca uma criança que não tenha aprendido ainda mais linguagem que seus gritinhos, suas lágrimas e seus sorrisinhos.

Humilhante situação para o sábio; nenhuma ciência lhe ensinou como se pode compreender uma criança que não fala ainda.

Que é uma mãe?

É alguém que a criança ama e o homem esquece. Um amor feito a toda prova de todo tipo de dores e de todo gênero de ingratidões.

Um coração que não cansa nunca de sofrer.

Uma alma que não deixa um instante de amar.

Pedro Troche Gonzalez