A Matemática do amor dividido
Outro dia, conversando com a Joelma minha diarista, ela soltou a língua e contou um fato acontecido com a família da outra casa na qual ela trabalha.
“Sabe como é eles resolveram dar um tempo no casamento, gostaram e agora estão se separando, coitadinha das meninas, mas é a vida e eles disseram que vão se dividir”.
Como assim vão se dividir? Como é que isso funciona?
Parece que o “dar um tempo” acalma os ânimos. Um dos cônjuges sai de casa enquanto o outro fica com a prole e com os pets, se existirem, é claro.
Ás vezes, o tempo e a distância desfaz a separação. Ás vezes não.
Então, a Matemática do amor dividido entra em cena com a operação de divisão.
Em nome da paz dividem-se os bens, os filhos e os pets, enquanto o emocional se multiplica.
O amor, as lembranças, fotografias e vídeos se transformam em restos da divisão.
Os filhos convivem com o modelo familiar de fins de semana alternados ou com a guarda compartilhada, que soma duas residências, diferentes rotinas e novos personagens e seus papéis.
Não raramente, os ex-cônjuges adicionam às suas vidas novos amores e novos filhos.
Então, pressupõe-se que as operações se encerraram, porém, na prática, não é bem assim.
A separação familiar eleva à última potência o emocional dos restos (humanos) da Matemática do amor dividido. São crianças, adolescentes e adultos, que procuram nos psicólogos e terapeutas uma solução para fatorar o estresse e estabelecer um mínimo múltiplo comum para a tristeza.
Embora se saiba que, quando o amor termina, tanto a mulher quanto o homem têm o direito de reconstruir suas vidas, o máximo divisor comum aplicado, recai sobre um teorema que a Matemática do amor dividido, infelizmente, não tem como resolver.