Por olhos e alma

Vi, num grupo, por acaso, uma publicação com esta curiosa pergunta:

“Que conselho você daria para quem está se apaixonando por você, agora?”

Pensei por alguns minutos e, embora não ache que eu dê tempo ou abertura para que alguém seja capaz disso, me veio à mente a seguinte resposta:

Você vai me achar legal pra ca*alho, mas, constantemente, distante.

Vai me achar enrolada, desinteressada e, até mesmo, fugidia.

Vou me mostrar durona e, em pouco tempo, vai perceber meu gênio forte.

Se, ainda sim, permanecer, vou tentar, ainda que inconscientemente, boicotar esse provável início de relação.

Embora eu negue, essa é a forma que encontrei de me defender de novas dores e proteger minhas feridas.

Se passarmos por isso, vai notar cair, pouco a pouco, essa armadura que, já há muito, visto como pele.

Vou chorar contando-lhe minhas saudades.

Vou expor minhas visões démodés de relação.

Vou deixá-lo conhecer todo meu apreço por gêneros e músicas que você, talvez, nunca imaginasse serem ouvidas por mim.

Mas esses dois extremos por que caminho podem deixá-lo assustado.

Sinceramente, não acho que passemos daí.

Não me vejo como alguém por quem se possa apaixonar, mas sim alguém que se pode, verdadeiramente, amar.

As camadas do meu eu que imporei a você são intensas, profundas e requerem muita vontade, mas são extremamente legítimas.

Se, depois disso, eu ainda puder vê-lo ao meu lado, terei a certeza de que, depois de muitos anos, encontrei alguém que não apenas me vê, mas que, de fato, consegue me enxergar.

E, hoje, talvez, a maior busca da minha vida seja alguém que consiga, através dos olhos e, principalmente, da alma, enxergar-me.