Entre o palpável e o abstrato
De tudo por que já passei, a certeza mais consistente que tenho, nos meus 38 anos de vida, é a da presença REAL e sincrética de um Deus, de várias divindades e de forças abstratas que nos conduzem e acompanham SEMPRE.
Três anos antes de sofrer a maior perda da minha vida, eu gerei, por quase 10 meses, o ser humano mais iluminado com que tive a oportunidade de conviver, até hoje.
Com apenas 5 anos, ela me protege, me dá colo e me faz entender os desígnios divinos.
Eu não gostava de ver minha mãe chorar.
Ela, claro, também não gosta.
Mas, diferentemente de mim, ela consegue expressar-se em palavras.
Não para dizer sobre como ela se sente, mas sim para tentar me mostrar a lógica da vida e como a presença da vovó (minha mãe), ainda, é real.
“Mamãe, você sempre diz que a vovó é a estrela mais bonita do céu, mas ela também foi e é muito especial.”
Então eu choro mais… rs
Mas, agora, não só por saudade, mas sim de alegria por ter sido presenteada com uma criança tão sensível e empática.
Ela é minha filha.
Ela é neta da minha mãe.
Ela somos todas nós.
Como boa pisciana, cumpro meu papel de mostrar a ela que o choro é a manifestação mais genuína do SER humano.
Como boa capricorniana, ela racionaliza o discurso, mas sei que, no fundo, entende e SENTE o que falo.
Talvez (ou com certeza), nosso encontro já tenha sido traçado há muito tempo.
Como ela mesma diz, estava, no céu, me esperando.
Eu, tenho certeza, a esperei desde sempre.
Ela, terra, me dá base nos momentos em que ameaço desmoronar.
Eu, água, mostro a ela que a vida pode ser mais fluida, leve e intuitiva.
Ela foi feita por mim, tem existido pra mim, mas está crescendo pro mundo.
Eis, então, a beleza da vida.