ENSINAR

 

Comecei a ensinar Inglês há quase 27 anos. Durante este percurso como instrutora e professora de Inglês, pude conviver com vários perfis diferentes de alunos. Alguns deles chegaram a mim completamente equivocados sobre sua capacidade de se comunicarem na língua; achavam-se totalmente incompetentes, quando através de um pequeno teste de quinze minutos, uma simples conversa em inglês, eu descobri que eles sabiam muito mais do que pensavam saber. Porém, em algum ponto de suas trajetórias como falantes de inglês, alguém os criticou severamente e minou sua confiança: um professor, um colega de classe ou até mesmo um chefe mau-humorado.

 

No caminho do aprendizado de uma língua (ou de qualquer outra coisa) podem existir muitos obstáculos a serem contornados. Ao aprendermos uma nova língua, ensinamos nosso cérebro a pensar diferente, a fazer novas sinapses e associações, a compreender a comunicação sob uma nova ética, a entender a linguagem sob o ponto de vista de uma cultura diferente. Para alguns pode ser mais fácil, e para outros, nem tanto. Alguns levam mais tempo, outros, menos. Mas para mim, não existe um ponto aonde se chega e se diz: "Já sei tudo sobre a língua, e agora posso parar de estudar." Porque a língua é viva, ela se modifica, novas palavras surgem, novas maneiras de se falar e escrever aparecem,e novos termos são criados todos os dias, principalmente na área tecnológica, e alguns desses termos acabam migrando para outras áreas e se tornando muito comuns. Por exemplo, o verbo TO GOOGLE surgiu de um substantivo, o nome de uma ferramenta de busca. 

 

Ensinar é tão complexo quanto aprender. E no meio dessa jornada, alguns professores se acham no direito de utilizarem abordagens grosseiras e arrogantes, como por exemplo, ridicularizar as perguntas dos alunos ou explicarem de má vontade, como se o assunto fosse tão óbvio para o aluno quanto o é para ele. Acho que quando um professor se comporta dessa forma, o melhor que ele faz é abandonar o ensino, procurar outra profissão, pois ele obviamente não tem o dom para ensinar. Talvez também não tenha muito dom para viver, quem sabe, e precise de ajuda psicológica.

Um professor, tutor ou instrutor arrogante, por mais que ele tenha conhecimento sobre o que ensina,  pode destruir a autoconfiança de um aluno mais tímido. Nesse caso, o problema jamais será do aluno, mas do professor. Quando o  ego inflado se propõe a ensinar alguma coisa utilizando-se da arrogância como ferramenta de intimidação, cava-se um abismo bem no meio do caminho do aprendizado. Saber mais do que o outro sobre determinado assunto não significa ser melhor do que o outro. E nem se trata apenas de humildade, mas de humanidade.

 

 

 

 

Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 24/05/2022
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