Quebra-cabeça humano

Quando o outro pode nos conhecer?

Quanto o outro pode nos conhecer?

Será mesmo que o outro deve nos conhecer?

Será que nós mesmos nos conhecemos?

Conhecer-se dói.

Leva tempo, expõe gatilhos e reabre feridas, aparentemente, cicatrizadas.

Enxergar quem, de fato, nos tornamos pode ser (e é) um momento de extrema introspecção e solitude.

É, também, um caminho sem volta.

Ao entender, minimamente, quem se é e o que se busca, o que (outrora) parecia nos preencher não nos preenche mais.

Passamos, então, a caminhar, sozinhos, na multidão.

Mas, impressionantemente, não nos fechamos mental e sentimentalmente.

Descobrir-se inclui, de forma inevitável, a certeza de que, em algum lugar, há mais pessoas com as mesmas crenças e buscas que você.

É fato que, no momento da vida em que estamos, não há, praticamente, ninguém que chegue sem as marcas de um coração remendado.

Mas o que seria a vida, senão, uma eterna oportunidade de reconstruir-se e, mais uma vez, tentar ser feliz?

Talvez, a beleza do SER humano seja, genuinamente, a somatória de todas as alegrias, tristezas, euforias e decepções vividas.

Aceitar nossa completude permite (ou exige) que busquemos pessoas que, assim como nós, têm feridas da guerra que, inegavelmente, é a vida.

Todos temos, muitos renegam e pouquíssimos aceitam.

Encontrar quem assume sua dor, seu passado e suas fraquezas é tarefa difícil.

Mas, é certo, elas estão por aí.

Talvez, como eu ou você (que me lê), ainda acreditam no amor e no ser humano.

Portanto não desistamos!

Há mais pessoas que, como nós, deitados, sozinhos, na cama, questionam-se se a vida é, realmente, a arte do encontro.

É! Acredite!

Todo o passado vivido serviu como ponte pra que, hoje, reconstruídos na nossa inteireza, estivéssemos prontos pra viver, por fim, um amor edificante, consistente e saudável.

Todos merecemos.

Nós merecemos.

Ele existe.