A MARCA DOS INSTANTES

O que é o mero instante no universo do tempo senão aquele sopro fugaz e quase sempre insignificante? Certamente o ínfimo para o qual não lançamos mais que um sorrateiro olhar de indiferença, o nada desprezível e de logo esquecido. Seria algo a isso semelhante no conceito da regra geral, mas o instante também, por vezes, pode representar um mar de possibilidades, repentino acontecimento marcante capaz de se tornar perene nas lembranças de alguns ou de muitos. Como, numa chuvarada por exemplo, o raio súbito rasgando o céu cair sobre um pobre e indefeso incauto, causando de um simples susto a uma morte inesperada; ou o acidente de trânsito causado por fatalidade ou imperícia dos motoristas; por que não também o infarto repentino que tantos males colaterais pode causar, e até mesmo a morte?

Nunca subestimemos o instante e suas consequências inerentes, pois assim como nós seres humanos somos apenas um rápido e passageiro sopro de vida, malgrado conseguirmos a proeza, aqui e ali, de longevidade nada usual, os centésimos de segundo do tempo que determinam o instante, ainda que passageiros e deixados de lado por irrelevantes, certamente poderão, por sua vez, alçar ao status de perenidade em diversas ocasiões. Que poderão ser mágicas e felizes ou, infelizmente sem dúvida, lugubres e arrasadoras.

Temamos, portanto, os momentos nada intensos, esses fugazes segundos em tantos relances à guisa dum piscar d'olhos, duradouros na memória se nos ferem ou passageiros e esquecidos porque nem sempre os percebemos no ruge-ruge cotidiano. E não somente devemos teme-los e deles nos resguardar, mas entendamos o quanto fazem parte de nossa existência como acontecem de chegar de surpresa. Deixando marcas, tornando-se relevantes, e mesmo maculando as recordações, revolvendo tristezas que insistirão em se revelar com a força de seu realce infeliz.

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 30/05/2022
Código do texto: T7526889
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