ONDAS DE LESTE

Estudando a Climatologia ou simplesmente observando a sequência dos acontecimentos atmosféricos, qualquer um chegará à conclusão de que: os fenômenos climáticos são cíclicos e que, mesmo com pequenas variações, tornarão a acontecer mais cedo ou mais tarde.

A bola da vez são as Ondas de Leste que em essência são nuvens carregadas de umidade que se formam no Oceano Atlântico e que são levadas pelos ventos para o continente na altura do Nordeste da América do Sul, provocando volume anormal de chuvas concentradas em poucos dias que são responsáveis por inundações das áreas baixas e deslizamentos de encostas em locais elevados cuja estrutura esteja saturada por infiltração em seu solo permeável.

Os Estados que ficam na faixa Leste do Nordeste Brasileiro, Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte, são sempre atingidos por essas precipitações volumosas e as suas populações sofrem as consequências em grande parte pela inoperância do poder público cujos mandatários usam tais catástrofes como moeda de troca para permanência no poder, porque as Ondas de Leste ocorrem com frequência média de 7 anos.

Os registros de 2010, 2017 e os de agora 2022 atestam esta assertiva.

Poderíamos falar de qualquer aglomerado populacional desta faixa litorânea, mas escolhemos o Recife por considerarmos ser a mais importante de todas elas.

Os arautos do apocalipse vivem a gritar que o nível do mar terá um acréscimo de zil centímetros nos próximos anos e que esse fenômeno irá arrasar todas as cidades costeiras.

Verdade ou não o fato é que os dirigentes de todo mundo não estão nem aí para tais previsões catastróficas.

Se realmente vier a acontecer, o Recife que, em média, está a 2 metros acima do nível médio das marés, tendo em vista o descaso dos últimos prefeitos, voltará a ser apenas mangue entre os esqueletos dos prédios que a força das marés se encarregará de pôr abaixo.

O Recife foi construído na baia com 12 km² existente entre o Oceano Atlântico a Leste, Jaboatão dos Guararapes ao Sul, Camaragibe a Oeste e Olinda ao Norte. Das originais 17 ilhas, restam apenas 3 entre as quais se escoam as águas dos rios cujas calhas, a cada dia mais estreitas, continuam carreando sedimento para a planície que há muitos anos reclama por dragagem.

O colapso no transporte de massa e a falta de oportunidades fora do centro fazem com que brotem palafitas por sobre as águas e favelas nos morros que circundam a capital, que por não serem rochosos, desmoronam com o peso das águas infiltradas e também por conta da retirada da vegetação que, em parte, lhes davam estabilidade.

Não custa lembrar que o Recife é criação de holandeses acostumados a convivência com canais cujas existências exigem ações constantes do poder público. Segundo falavam holandeses meus conhecidos, cada canal de lá tem equipe fixa de funcionários mantenedores das suas limpezas e navegabilidades.

Afinal, como diz o ditado popular deles, “Deus fez o mundo e o holandês fez a Holanda, com diques, canais e as bombas d´’agua dos moinhos de vento”.