Péssimo gosto musical de meus vizinhos

Estou convencida de que serei a velha dos gatos. Rabugenta sobre tudo.

Como eu disse em outra crônica todos os meus vizinhos antigos faleceram, estou cercada de vizinhos novos e não gosto deles.

Quase de frente para meu portão morava uma família que só sabia ouvir funk, era de doer os ouvidos. Dei graças a Deus quando se mudaram.

Na esquina tem uma igreja não incomoda muito. Meu vizinho do lado é quase uma igreja viva também com aquele som no último volume. Aqui em casa chamamos ele literalmente de "igreja". Em frases como:" a igreja tá aí hoje "? Ou "a igreja já chegou"?

Na esquina tem um povinho desocupado que só ouve o que não presta, aos montes também.

Agora enquanto escrevo a trilha sonora da rua é uma batida ritmada que não consigo identificar nem o gênero ( nem sei se esse termo se aplica a música), mas é uma canção estrangeira e antiga, hoje eles estão antigos. O que me faz pensar que nem quando eu era jovem e essas músicas eram lançamentos eu gostava, que dirá agora. E até as que eu gostava enjoei e hoje não suporto.

O pessoal da rua de trás gosta de um pagode, samba e músicas infantis de aniversário. Pra mim que trabalho a semana toda com criança chega a ser torturante.

Mas ninguém supera o homem da botique. Todo sábado pela manhã e às vezes até domingo começa..." Quem não conhece Severino chique-chique que abriu uma botequim para a Vida melhorar...". Esse é tão pontual aos fins de semana que quando não escuto, até sinto falta, pasmem! Não pelo gosto musical, talvez pelo costume da rotina.

Acrescentado a esse tem os forrós, mais funk (os piores), algumas vezes karaokê e certas noites até uns batuques.

Não que eu tenha um gosto exemplar, embora adore música eu sou bem pontual e precisa no que escuto. Talvez por isso, me incomode tanto com sons que não fazem meu estilo. Dentro da minha pequena playlist cabe Vitor&Léo, a banda nem existe mais, mas eu amo demais. Qualquer dia escrevo só sobre eles. Cabe também música católica, algumas nacionais, estrangeiras, coreanas e mexicanas. Um gosto reduzido e exótico é verdade. Mas minha mãe sempre me ensinou a ouvir baixo pra não atrapalhar os outros. Talvez por isso me sinta tão atrapalhada pelo outros. Tenho baixa tolerância a barulho. Até na sala de aula, quando a turma fala alto de mais me sinto desorientada e tonta.

E isso só valida minha teoria de que serei a velha rabugenta da rua, dona dos gatos. Um gato eu até já tenho. A rabugentice sei que também.

Iiihh! Acho que chegou de forma precoce antes do previsto e já me tornei a "velha do gato".

flor de inverno
Enviado por flor de inverno em 31/05/2022
Reeditado em 31/05/2022
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