Das Minhas Lembranças 27

Como disse anteriormente, em 2006 me afastei da militância político-partidária e fui cuidar de minha saúde. Em 2007 retornei ao Ponto Cósmico, refúgio em Esmeraldas. Foi um período de reflexões sob as sombras dos pés de pequis, na companhia de miquinhos e de uma diversidade de pássaros e árvores do cerrado.

A ideia de me desfiliar, adiada por conta da conjuntura difícil que o PT passava, foi ganhando forma. Só em 2009 redigi o primeiro rascunho da carta de desfiliação. Apesar da crise de 2008, o governo Lula e o país iam bem, com altas taxas de aprovação popular e credibilidade internacional.

No dia 13 de janeiro de 2010 a carta ficou pronta, no momento em que as pesquisas indicavam Lula com mais de 80% de aprovação popular. O dia 13, evidentemente, não foi por acaso. Toda ruptura traz sofrimento e pode deixar sequelas. Não era apenas sair do partido, que ajudara a construir, era sair de um projeto de governo em benefício de todas e todos. Também pelo sentimento de ver tal projeto ético ruindo. Havia outros planos, como por exemplo de voltar aos meus rabiscos literários. E tempo livre para a saúde e o lazer.

Mesmo limitado, fiz uma campanha tímida, do meu modo, para a eleição de Dilma Rousseff . A mídia corporativa continuava batendo sem complacência no PT, sedimentando na consciência da população o sentimento antipetista.

O sonho de morar em uma cidade pequena, sossegada realizou-se em 2014. Decidi por Coronel Xavier Chaves, também conhecida por Coroas, com a ajuda de Berzé, que me apresentou o município, localizado no Vale das Vertentes, próximo de Tiradentes e São João del Rei. Antes porém, tive a companhia do meu irmão, Lalá, num tur por alguns municípios da região.

Aí aconteceu de eu ser abordado pelo Suerlei, um dos três vereadores do PT de Coroas, para informar, que a minha ficha de filiação fora transferida. Uai, como assim?, eu não sou mais filiado, respondi. É sim, confirmou o vereador. A minha carta de desfiliação não fora aceita pela direção do partido. Continuo filiado e assim permanece, mas fora das lutas e disputas internas.

E foi nesse ano de 2014, que a bandeira de Dilma Rousseff, candidata a reeleição, tremulou no muro de minha nova morada.

Aí veio 2015 , com o Aécio Neves não reconhecendo a derrota, Eduardo Cunha, Lava Jato e a mídia corporativa. Tudo junto e misturado num projeto golpista, que culminou na queda de Dilma em 2016.