Cena do Interior 2

O caso que vou contar, leitor(a), se deu em Itapipoca, nos idos de 1950.

Trata-se de D. Raimunda, uma senhora de provecta idade, baixinha, feiosa e a pele enrugada. Desconheço o motivo, mas tinha o apelido de "pinta cega". Não contraiu núpcias.

Esta criatura de Deus gostava de mascar pedaços de fumo, hábito comum de algumas pessoas no interior.

Para satisfazer o seu vício, D. Raimunda esteve no estabelecimento do Sr. Augusto Pontes que, entre outros produtos, vendia fumo de rolo. É um tipo de fumo torcido e enrolado utilizado no fabrico de cigarro de palha, consumido também para mascar em pequenos pedaços e em cachimbo.

Via-se sobre o balcão os rolos de fumo, que exalavam intenso odor pelo ambiente. Era uma bênção para D. Raimunda.

Então, passou a cheirar os rolos de fumo, um a um, em número de 3 (três), nunca busca incontida de encontrar o produto que maior deleite de proporcionasse. Assim, na primeira tentativa ao cheirar o fumo, não se segurou... soltou um "pum". Não se deu por vencida, cheirou outro rolo de fumo... deixou escapar um "pum". Ainda, essa cheiradora de fumo, na terceira tentativa, curiosamente, livrou-se da flatulência com o estalo de outro "pum".

Inobstante livrar-se dos gases intestinais, nem um pouco constrangedores, perguntou ao comerciante: Augusto tem um melhor? Este, com o humor que lhe era peculiar, retrucou: "por enquanto, para cagar, não." (Risos).

Zilmar Pires

Zilmar Pires
Enviado por Zilmar Pires em 03/06/2022
Código do texto: T7530267
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