Mais uma da minha avó

Mais uma da minha avó

Essa foi lá por volta de 1947, enquanto meus avós ainda moravam em fazenda cafeeira no interior paulista, nas proximidades da fronteira com Minas Gerais.

Conta-se que certa noite, ouvindo barulhos constantes na proximidade da casa, estavam meus avós Carolina e Tatão, junto aos três filhos então sobreviventes e na fase de infância, sendo a minha mãe Didi (Margarida), a mais velha, já recolhidos e prontos para a noite de sono.

A Carolina era uma mulatinha de cerca de 1,50 metro de altura, magrinha que só ossos e acometida desde a adolescência por pneumonia mal curada que lhe rendeu bronquite crônica. Contudo, daquelas chamadas de serelepe que com certeza, dava grande agito nas vidas de meu avô, minha mãe e meus tios Dora e Lino.

Nessa tal noite, tendo chamado o Tatão para ver o que era o barulho e não tendo este dado muita confiança, ficou agitada. Tatão houvera dito que eram alguns bichos próximos a casa, em busca de descanso noturno ou de algo que pudessem comer.

Não satisfeita, a Carolina meteu o cano da pistola pela fresta da janela, uma 45 cano longo prateada que eu mesmo cheguei a ver quando era garoto, dando dois tiros para o alto e assustando todo ser vivo que estava no local. Dentre eles o Tatão que pulou assustado da cama, as crianças que entre susto e sono começaram a berrar um choro incontrolável e, algumas cabeças de gado que, conforme houvera dito o Tatão, estavam a procura de um local para repousar a noite.

No dia seguinte, na barbearia da fazenda, o administrador consultou Tatão se havia tido problema a noite, pois ouvira tiros da direção de sua casa. Ao que lhe foi respondido que problema só a Carolina dando tiros para o alto.

Mauricio Gonçalves de Moura
Enviado por Mauricio Gonçalves de Moura em 12/06/2022
Código do texto: T7536067
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