UM MUNDO EM GUERRA NA BUSCA DA LIBERDADE

O conflito entre dogmas e ideologias é o resumo do estado de coisas que estamos vivenciando neste início de século.

Mesmo a busca de um vínculo estabelecido pela razão não teve êxito, visto que os racionalistas, ao defenderem uma razão divorciada da fé, não foi capaz de transformar o mundo em um ambiente mais harmônico, tendo em vista que o germe do individualismo, colocou cada um como sendo o próprio intérprete desta razão.

Nesta marcha eis que surge um substitutivo ‘milagroso’, o interesse privado, ou liberalismo, tendo como princípios capitais aspectos econômico, político e societal; pelo primeiro a cultura de que o homem livre deve trabalhar por seu destino econômico como julgar conveniente, ‘culminando no bem comum’; pelo segundo a cultura de que os indivíduos devem ficar livres de coerções em suas atividades econômicas, sendo que o Estado deve apenas prevenir que outros interfiram nos negócios individuais especialmente a proteção da propriedade privada; já o terceiro, traz a cultura de que se têm o direito de se fazer o que aprouver, sendo o homem livre em seu mais alto grau, desimpedido de qualquer constrangimento, disciplina e mando, ou seja, sua personalidade livre só se exprimirá quando quebrado os grilhões da lei, seja ela legal ou moral.

Recorda-se que às costas deste liberalismo o mundo passou por três grandes revoluções (rebeldias) sendo que cada uma delas foram responsáveis pelas conseguintes, a saber, a Reforma Protestante que desenraizou a responsabilidade do homem para com uma comunidade espiritual; a Revolução Francesa que isolou o homem da responsabilidade para com uma comunidade política ou Estado e, a Revolução Industrial que por fim, gerou o liberalismo, separando o homem de qualquer responsabilidade com a comunidade social e bem comum (que culminou no inverso do proposto em seu aspecto econômico).

Com toda essa sequência de revoluções, eis o ápice de nossa cultura secular: a supremacia do indivíduo, ou individualismo desacerbado por teorias motivacionais, resultando em uma sociedade movida por padrões meramente sensoriais.

Quais os motivos pelos quais nenhuma dessas ‘fórmulas’ foram capazes de solucionar as mazelas dos homens neste século a que adentramos?

Salvo melhor dedução, tenho pra mim que um mundo laicizado almejando uma fraternidade sem Deus, a incompreensão da natureza humana como criatura dotada de direitos de possuir uma alma e sujeita a deveres instituídos pelo Altíssimo, é o grande erro.

O mal em que os homens buscam combater é justamente o resultado da descristianização da sociedade, e que, de forma equivocada, por meio de um diagnóstico errado, aceleraram para um mundo anticristão, imputando ao cristianismo as mazelas que já se avizinhavam no início de seu abandono.

Como na parábola do filho pródigo (Lc. 15, 11-12), o homem se afastou da casa do Pai em uma aventura e, se alimentando do liberalismo, do materialismo e do agnosticismo, revolto como o querubim Samael (Ez. 28, 17-18), achando-se superior a Deus pelos avanços da ciência, continua com fome do pão da vida.

Nesta sedenta busca, com a cegueira de Bartimeu (Mc. 10, 46-52) não se atentam para o fato de que o totalitarismo, seja o apregoado pelo comunismo, pelo fascismo, pelo liberalismo ou ainda pior, por um Governo Mundial estão assentados em dogmas negativos; a negação do valor da pessoa em detrimento do primado da massa, raça, classe e grupos tidos minoritários e, a negação da igualdade dos homens, estandardizando-os como uma massa homogênea.

Esquecem entretanto que o princípio básico de uma democracia não está assentado pura e simplesmente em eleições e liberdade de expressão (ambos são manipuláveis), mas sim na sacralidade do indivíduo, como sendo uma criatura dotada por Deus de direitos alienáveis, direitos estes que, ao acreditar serem dados pelo Estado ou por uma Organização Mundial, negam de forma clara a igualdade fundamental de que todos nós somos filhos do Altíssimo.