Das Minhas Lembranças 29

Com a internet e as redes sociais, os fatos parecem caminhar mais rápido. Já não levamos cinquenta anos ou mais, para apuração da verdade, embora as notícias falsas também criem asas.

O impeachment de Dilma, sem crime de responsabilidade, por exemplo, provavelmente só seria desmascarado muitos anos depois, assim como a farsa jurídica-midiática contra Lula. Essa é a parte boa das novas tecnologias.

O que me vem a memória, nesse caso, mais recente, é que o golpe contra uma presidenta honesta tinha outro alvo, tirar o Lula da disputa de 2018. Para essa tarefa, os golpistas neoliberais tinham a famigerada Força Tarefa da Lava Jato, da República de Curitiba, sob as orientações do então Juiz Sérgio Moro, com a velha e surrada mentira dos golpistas de sempre: o combate a corrupção, o mesmo argumento, para golpear nossa frágil democracia em 1964, pelos militares. E a farsa tarefa fez estragos país afora. O PT sofreu um duro golpe. Foi mal, muito mal nas eleições municipais de 2016.

O desmonte das políticas de proteção social e trabalhistas dá lugar às políticas neoliberais, com a tal ponte para o futuro de Michel Temer, que assumira o lugar de Dilma na presidência. Mas o estrago maior estaria por vir. 2018 se aproxima. E Lula seria uma pedra no caminho dos neoliberais. A mídia corporativa, sob o comando da Globo dá amplo espaço aos dois personagens, que se revelariam posteriormente, nocivos ao Brasil: Sérgio Moro e o chefe da força tarefa da lava jato, Deltan Dallagnol. Não havia espaço para a defesa de Lula. Um massacre diário, que toda imprensa, escrita, falada e televisada repercutiam. Até mesmo em "inocentes" programas de auditório havia espaço para destruir a reputação de Lula e dos petistas, como símbolos da corrupção. O caminho para tornar Lula inelegível e preso fora pavimentado, com a anuência do SUPREMO. As redes sociais foram bombardeadas por robôs, com fake news, patrocinadas pelos mesmos setores, que foram às ruas pra derrubar Dilma. A classe média era a principal força cooptada na mobilização. Acrescido pelo que parte da esquerda, também nas redes sociais rotulou de pobres de direita.

O Jornal Nacional abre um longo espaço para Dallagnol apresentar o seu powerpoint em que Lula aparece como o chefe de uma organização criminosa. A direção do Partido dos Trabalhadores parece desnorteada. Os advogados de defesa de Lula, Cristiano Zanin e Valeska Teixeira são constrangidos, com dificuldades de acesso aos autos do processo kafkiano . A mídia golpista deita e rola. Chove denúncias: OAS, Odebrecht Pallocci, Zé Dirceu e o famoso triplex do Guarujá, assim por diante. O massacre parece não ter fim. Lula se entrega, saindo de sua trincheira, na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. E segue para Curitiba, sem algemas, conforme negociação com a Polícia Federal.

São trezentos e oitenta dias preso na superintendência da polícia federal. Organiza-se a resistência do acampamento #LulaLivre em que militantes não arredam o pé do local. Assim como fora Joaquim Barbosa, agora o herói nacional era o Juiz Sergio Moro. Máscaras dele são vendidas em bancas de revistas. E Dallagnol faturando em palestras.

Em 2018 acontece o que talvez os golpistas neoliberais não contassem: a eleição de Jair Bolsonaro. As peças vão se encaixando, com Sérgio Moro sendo premiado com o cargo de Ministro da Justiça do novo governo.

Lula diz o tempo todo que é inocente, que Moro e Dallagnol são mentirosos. Quando ainda resistia a prisão, no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, fora-lhe sugerido o exílio, Lula recusou. E finalmente foi solto. E Moro considerado um juiz parcial. Um juiz ladrão, disse em plenário o Deputado Glauber Braga, numa audiência.

Outras lembranças surgem, mas como são fatos recentes, deixo por conta das leitoras e leitores. Dallagnol e Moro estão sendo processados pelos estragos causados ao Lula, ao país e a democracia, assim como outros procuradores.

As eleições presidenciais de 2022 se aproxima. Lula é o líder das pesquisas, com chances de vitória no primeiro turno. O que os golpistas de sempre farão, para impedir?

O governo Bolsonaro se revelou uma tragédia, levando consigo, parte das Forças Armadas. Desemprego, fome, fila pra comprar osso, milícias, orçamento secreto, violência policial, desmatamento, destruição da saúde, da educação, corrupção e outras mazelas.

Com esse episódio encerro as minhas lembranças de militante petista, iniciada antes mesmo da legalização do partido. O que vai acontecer até outubro de 2022 fica para lembranças futuras.

À partir do próximo capítulo de minhas lembranças, contarei com foram minhas participações no movimento cultural, popular e ambiental.