TALVEZ...IMUNIDADE EMOCIONAL.

Desfrutar do privilégio de compreender o mundo que nos cerca é uma benção e uma conquista penosa, mas compensadora. Chega-se ao que é grandioso pela humildade. Para tanto é necessário disciplina e ter a mente hígida. Pela compreensão se alcança a serenidade, e pode-se ver e ouvir tudo com tranquilidade neste cenário multifacetado das emoções que nos cercam.

O mundo é heterogêneo, habitado por toda sorte de personalidades, irrealizadas e frustradas, vencedoras e exitosas, felizes ou em permanente desgraça. Tudo inerente à condição humana.

Existem muitas histórias tristes. Conheço muitas que deflagram a selva de sentimentos menores. No palco da internet são múltiplas, por vezes são reveladas brevemente essas histórias em “insite” , ou nas entrelinhas. Precisamos todos vestir a couraça de compreensão contra a inveja, a cobiça, o interesse, a incapacitação de atingimento de graus não conseguidos que passeiam pelo mundo para podermos ajudar, podendo, e, principalmente, aumentar a compreensão para os que não compreendem a boa vontade. Não existe resistência quando há bondade.

Se temos alguma imunidade aparelhada, podemos ajudar e tudo explicar que já entendemos e compreender. Para isso viemos ao mundo, PARA SERVIR, ajudando de forma explícita ou implícita. Visíveis, invisíveis, confessadas ou não, particularidades e singularismos . Recepcionada nossa boa vontade podemos sair e ver o sol rebrilhando, sem sombras, ser levado pela brisa da alegria que caminha com nossos passos. Se identificamos em alguém algo que é hiato emocional, maior deve ser a compreensão, muito mais se estão próximas a nossa pessoa de alguma forma, e isto é comum, acontece e se manifesta.

Quase ninguém festeja a vitória dos outros nem fica feliz com a felicidade que não lhe pertence. O sucesso alheio incomoda.....triste mas verdadeiro. Através da maiêutica socrática a ajuda é possível. É o conhecido parto da alma através dos questionamentos.

Um mestre Zen perguntado por um filósofo como ajudava as pessoas, disse:

“Eu as alcanço naquele momento mais difícil, quando elas não têm mais nenhuma pergunta a fazer.”, acresço, e se revelam.... É como faço ou tento fazer para ajudar, se posso.

Com fatos e pessoas cuja compreensão é limitada, a nossa deve ser gigantesca, concentrada em um “talvez” explicativo, como naquele monge que comprou uma fazenda e abandonou o monastério; queria ter família.

Um dia seu cavalo fugiu. Vieram os vizinhos e disseram: Que azar! Disse ele: “Talvez”.

O cavalo voltou com outros três cavalos selvagens. De novo os vizinhos surgiram dizendo: Que sorte! Disse o monge: “Talvez”.

No dia seguinte seu filho tentando domar um dos cavalos selvagens, dele caiu e quebrou a perna. Disseram os vizinhos: Que pena! Respondeu o monge: “Talvez”.

No dia seguinte vieram militares convocar seu filho para a guerra. Foi dispensado pela perna quebrada. Os vizinhos vieram se congratular pela ocorrência dos fatos, era muita sorte, disseram. O monge sorriu e disse: “Talvez”.

A compreensão que leva a variadas estradas e faz sorrir, deve sempre com tranqüilidade e serenidade exercer esse “Talvez”. É o caminho do meio que leva ao equilíbrio, e conhece a vida. As incertezas....e algumas certezas.

É a imunidade emocional contra o quê nada e ninguém pode. Um privilégio para poucos, como a literatura e as artes em geral.

Qual a razão da crônica? O Brasil está no "talvez" da encruzilhada, é preciso ter serenidade para esperar que algo melhore esse cenário de conturbadas posições que a nada levam, para que em união de todos, não contaminados, independente de sufrágios, esperem a próxima curva. Então quando surgir a nova estrada, se dirá, vai ser bom o que vier ? Respondemos, "TALVEZ".

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 21/06/2022
Reeditado em 21/06/2022
Código do texto: T7542524
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