Em uma certa emergência II

" Morro e não vejo tudo", já dizia o meu pai.

Pois bem, eis que estou no meu plantão, já passando das 23h, tudo tranquilo.

Mas, em uma emergência a tranquilidade é quase uma utopia.

Neste plantão fomos agraciados por acadêmicas de enfermagem ( estágio de 3 meses). A que ficou juntamente comigo no box de urgência, saiu e eu fiquei me perguntando se ela não tinha se equivocado ao escolher enfermagem como profissão.

Nos plantões, depois das 23h alguns dizem que começa a hora das bruxas, do espanto, do sinistro, do massacre, entre outras coisas...

Tudo então ia muito bem, até que surge uma colega gritando:

Parada, paradaaaa!!

Logo mais atrás surge mais duas colegas trazendo uma maca com uma paciente.

Colocamos no box, e como já é de costume cada técnico vai realizando as tarefas devidas.

Eu, geralmente ficava nas diluições e preparo das medicações, a outra colega auxiliava a enfermeira, a enfermeira puncionava uma veia, o médico, entubava e solicitava as medicações para serem administradas.

Teria que haver mais um técnico afim de realizar a massagem cardíaca mas, nesta noite não tinha.

O médico falou:

Alguém pode começar a massagem, por favor?

Nisso a acadêmica que estava aos pés do paciente, se prontificou a ajudar.

O médico:

Ótimo! Pode começar a fazer.

Todos enganjados em fazer as suas tarefas no atendimento quando o médico novamente:

Alguém na massagem gente!!!

A acadêmica falou com firmeza:

Doutor, eu já estou fazendo!

Foi quando todos pararam o que estavam fazendo e olharam pra acadêmica, e perplexos ficamos.

Ela fazia massagens nos pés da paciente mas tão forte que se encontravam vermelhos de tanto que ela esfregava!

Silêncio total.

Depois do choque, larguei as medicações e fui eu fazer a MASSAGEM CARDÍACA na paciente, que graças a Deus, sobreviveu.

Quanto a acadêmica, nunca mais vi.

Belon
Enviado por Belon em 22/06/2022
Reeditado em 22/06/2022
Código do texto: T7543175
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