Eufemismo do marinheiro

É comum as pessoas perguntar o que fazemos e qual a nossa profissão,seja por curiosidade ou admiração pelo nosso comportamento e postura diante de uma coletividade. Vou compartilhar uma pequena experiência que vivi na capital mais brasileira do Brasil.

Em uma de minhas andanças pela capital soteropolitana,estava procurando toalhas natalinas para o adorno das mesas de bordo, ao passar por uma loja vi uma monumental alma, em forma humana de olhar simpático e sorriso encantador,estava por trás do balcão me dando as boas vindas e solicita se dirigiu a mim de forma educada indagando no que me poderia ser útil. Após algumas frações de segundo de refazimento emocional diante daquela visão,falei o que eu pretendia comprar. Ela ia me atendendo e distribuindo simpatia com aquela curiosidade feminina e perguntou o que eu fazia.

Categoricamente, de maneira garbosa e gentil,respondi qual era a minha profissão e qual é o meu ambiente de trabalho.

Sou técnico oceanográfico, com especialidade em manter e conservar a estabilidade da saúde biopsíquica dos funcionários, que diuturnamente enfrentam batavamente o laborioso oficio de zelar pela nau, que faz o translado de um polo para o outro hemisfério de cargas liquidas, preparadas como matérias primas dos principais produtos de subsistência tecnológicas, que movimentam a indústria brasileira e mundial.

Com ares de quem está com o juízo ininteligível,tornou a perguntar.

E quem são os funcionários?

São especialista, que estudaram para serem profissionais nos conhecimentos das corrosões e como combatê-las, conhecem os segredos das misturas das cores e suas tonalidades e o ponto químico da secagem. São conhecedores dos pontos cardeais e através deles,calculam com precisão a localização de onde estão em qualquer ponto da grandiosidade do vasto oceano. São eles especialistas natos de como manter a higiene ambiental usando um instrumento chamado lambaio,com uma vassoura removem os detritos nocivos, com sabão e outros produtos higiênicos eles conseguem fazer a transformação de um ambiente hircoso num jardim odorífero de pétalas jasminicas. São profissionais que passam metade de suas vidas morando em uma casa de ferro,que dormem embalados pelas ondas direcionadas ao sabor dos ventos, são imunes as intempéries, a saudade é a companheira noturna que adorna seu travesseiro. São homens que nas horas de laser, ficam na soleira dos bordos observando a imensidão azul das águas, aonde os seus habitantes se apresentam, fazendo uma apresentação sincronizada numa coreografia de autoria do próprio criador do céu e da terra.

São profissionais que anoitecem em um continente e amanhecem em outro. Por onde passam deixam saudades e solidas amizades.

Impaciente a vendedora perguntou novamente,afinal de contas o que você faz?

Calmamente lhe disse:

Atualmente sou enfermeiro da marinha mercante, e todos que trabalham comigo são os marinheiros que conduzem zelam pela nossa embarcação,que carinhosamente a chamo de casa de ferro.

ARTONILSON MACEDO BEZERRA
Enviado por ARTONILSON MACEDO BEZERRA em 25/06/2022
Código do texto: T7545227
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