Uma revoada, sempre inesquecível

Eu deveria ter uns 16 anos, e como sempre, de férias anuais no interior nas terras de meus tios junto com meus irmãos, momentos inesquecíveis até hoje.

Lá a vida não corria, os dias se passavam de tal modo que eu ficava com saudade de ontem, imaginando o que se faria hoje e já pensando no que faria amanhã, não havia compromisso com nada, as aventuras de se andar pelo meio do mato, portar uma peixeira para cortar algo, ajudar no corte de palma para o gado, com alguns cortes recebidos ao longo de outras férias, andar de burro, de cavalo era perigoso, pois já havia me aventurado e ele “disparou” comigo, ajudar com o gado a tarde, acordar cedo para ver a ordenha das vacas e tomar leite direto no copo, quentinho, que vida maravilhosa!!!

Feito esta abertura do que foi parte de minha infância e adolescência, vou lhes deslumbrar agora com um relato, que está marcado em minha mente e, creio, nunca sairá pela carga de emoção de me tomou conta.

Eu vi uma revoada de pássaros, milhões deles juntos, sincronizados.

Era um entardecer, estava na sala, já me encostando em uma rede, de repente algo me chamou a atenção, não muito longe, era uma revoada de pássaros, não sei o qual pássaro era, não faziam barulho, apenas voavam e voavam, confesso que fiquei hipnotizado, era um espetáculo que eu nunca havia visto, não tinha internet, não tinha google, de fato era algo inédito da natureza para mim, era algo que eu torcia para que não parasse, de fato não sei quanto tempo levou aquele espetáculo, eu apenas petrifiquei e curti e gravei aquela imagem no fundo de minha mente, era algo contagiante, queria ser um daqueles pássaros, queria desfrutar daquela organização, queria voar em sincronia, queria ser capaz de, sem querer e nem pensar nisso, ser um pássaro com o poder de encantar a quem estivesse me vendo.

Não sei quanto tempo durou, de repente foram escasseando e todos foram embora, nunca mais desfrutei dessa beleza, e os vejo hoje na internet, existem milhões de filmes neste sentido, eles deslumbram porque sei que muitos poucos tiveram o privilégio de estar ao vivo diante deste espetáculo da natureza, e os que tiveram a experiência jamais irão esquecer o que nossos olhos viram.