Bolha de sabão

Nos bons tempos o porto chamava-se apenas Porto do Seu Valdemar, depois Mete-Mete, local de acesso a um dos rios da cidade.

No terreno que mais parecia uma fazendinha, não nos era proibido correr por lá, dessa forma, escalávamos sem qualquer esforço a cerca do curral, e brincávamos num ônibus velho que logo se tornou um dos lugares preferidos para nossa diversão.. ah, como a gente adorava subir naquele ônibus e  pular de cima,  ficávamos  por ali até o calor tomar conta e bater vontade de cair n'água.

Até hoje nunca soube como aquele veículo fora parar ali, nem a quem pertencia.

Eu, uma menina ainda, e outras amigas, sempre sob a supervisão de um adulto, corríamos em direção ao rio para um banho refrescante e também novas brincadeiras, era a vez do trono; juntávamos pedras e íamos amontoando-as rio a dentro, para depois, de pé sobre elas,  desafiar a correnteza do rio.

E antes que qualquer cansaço nos apanhasse,  a diversão já era outra,  esperar tronco de bananeira descer o rio para tranformá-lo em "cavalete", o desafio era equilibrar-se em cima, como num cavalo, rsrsrs como era bom tudo aquilo.

Próximo de voltar para casa, era chegada hora do banho propriamente dito, buchinha vegetal, sabonete spree e shampoo colorama, ainda sobrava tempo para a mais especial das brincadeiras, encher as mãos de sabão para caprichar nas bolhas que logo alçariam voo, levadas pelo vento e algumas vezes pelo própria correnteza do Rio Corda .

Se fecho os olhos, consigo ouvir as gargalhadas. Ali, na simplicidade do dia,  olhávamos divertidamente para aquelas  bolhas de sabão.. Umas iam mais longe que outras, e havia aquelas que estouravam em contato com a água.

Às vezes dávamos uma pausa rapidamente para disputar a nado, frutos como, manga rosa, buriti ou caju que desciam rio abaixo, enquanto brigávamos contra a correnteza, sentíamos o cheiro delicioso das flores da sapucaeira...

A gente dava boas braçadas para alcançar e comer, entre um mergulho e outro, aquelas delicias. Quem viveu tudo isso sabe que foram bons tempos... Sem dúvida,  lembranças inesquecíveis de uma infância simples, porém muito feliz!

Di Brasil
Enviado por Di Brasil em 25/06/2022
Reeditado em 25/06/2022
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