A menina que não dormia sozinha.
- Será que devo levantar a minha mão? Perguntou a menina.
Era mais uma tarde na Educação Infantil da “escola grande”...
A cada ano novos amigos compunham a turma e era o
segundo ano da menina no Colégio “grande”, agora já no
Nível 2 da Educação Infantil.
Havia ansiedade e também um brilho no olhar de cada
criança que na turma chegava, contentes pelas novas
brincadeiras, pelos novos amigos, nova professora e
reencontro com amigos também vindos do Nível 1.
Um brilho diferente e vibrante era constantemente presente
no olhar da menina Luna, que tinha admiração pela sua
mamãe estar na sua mesma escola.
Embora a menina e a mãe poucas vezes se cruzassem pelo
Colégio a menina tinha alegria só em saber que estariam no
mesmo local.
No nível 2, as crianças tinham de quatro para cinco anos e,
como de costume, ansiavam por mais uma tarde feliz, cheia
de histórias, experiências e novas descobertas.
A professora, mais conhecida pelas crianças como “Prof. Lu”,
era alta, magra, voz grave, cabelos curtos, rosto franzido -
mas nada assustadora, chegava mais uma vez animada
convocando as crianças para o momento da roda.
Naquela tarde, a Prof perguntou qual a oração que as
crianças gostariam de fazer e a eleita, mais um vez, foi da
“Mãezinha do céu”....
Antes de rezar, colocavam as intenções para o dia...
Entre as intenções, as crianças pediam pelas suas famílias,
pela própria vida, por Champagnat - o fundador do Instituto
Marista, pela Boa Mãe, São Francisco de Assis, e desejavam
que a tarde fosse maravilhosa.
Também, oravam pela vida dos seus tão queridos
animaizinhos - pela tartaruga, pelo peixinho, seus cavalos,
gatinhos e os cãezinhos.
Passada algumas brincadeiras e atividades práticas, em nova
roda, a “Prof. Lu” convidou as crianças para ouvirem uma
história. Mas, antes, precisava fazer uma pequena pesquisa
entre elas.
Começou perguntando quem ali dormia em seu prórpio
quarto e sozinho.
Em seguida, algumas crianças levantaram as mãos. Porém, a
menina Luna e outros amiguinhos não a levantaram.
Uma dúvida surgiu na cabeça da menina que paralisou
reflentindo se deveria levantar não a mão. E, por segundos,
pensou: - eu não durmo sozinha, mas durmo na minha cama.
Será que é a mesma coisa?
Passado o questionamento, a Professora Lu perguntou
novamente: - E quem aqui dorme no quarto junto da mamãe
e do papai?
E nova dúvida surge na cabecinha da menina Luna ...
A menina que não morava com o pai, apenas com a mãe, não
durmia na cama da sua mãe, porém ambas dividiam o mesmo
quarto. Então, a menina pensou: - Seria a mesma coisa?
Como quem concordara, a menina resolveu levantar a sua
mãozinha.
Após concluída a pesquisa, as crianças começaram a ouvir a
contação da história que falava de uma ursinha, “A ursinha
que não queria dormir sozinha”.
Milene de Bon
@velhacaneta
A Professora Lu dava vida com muito entusiamo aos
personagens em tons de voz diferentes, ora gritava, ora
falava baixinho, sorria e, outras vezes, até chorava; e as
crianças, em silêncio, suspiravam e ouviam com atenção.
A menina Luna e os amigos, muito animados ao ouvir a
história da ursinha, ficaram contentes por ela finalmente ter
encontrado coragem para dormir sozinha no seu quarto. A
ursinha não mais sentia que seu quarto era tão assustador
como no início.
Após ouvirem a história, a “Prof Lu” perguntou sobre o que
mais as crianças gostaram na história da ursinha ... e cada
uma destacou uma parte da vida da personagem, sobre seus
anseios, medos e coragem e até como era bom dormir na
cama junto da mamãe e do papai.
Em seguida, a professora Lu questionou cada criança sobre
como eram os seus quartos e se elas tínham medo de dormir
nele.
Cada criança falou... e quando chegou na vez da menina Luna
ela parou... olhou para o chão, depois para a Prof. Lu e disse:
- “Prof Lu, não tenho medo de dormir no meu quarto sozinha,
eu acho! Acontece que, na minha casa só tem um quarto,
metade da mamãe e a outra minha”.
A Prof Lu sorriu e disse: - Ah, é!? Rsrsrs. Não tem problema,
Luna. Eu amei a tua metade!