Sonhos psicografados

Dizem que os sonhos nos revelam coisas...

Dizem que cedo ou tarde a verdade aparece...

Eu começo me vendo na angústia minha conhecida, sensação que é minha companheira de antes da separação.

E estou no banheiro e levo minhas roupas, estranho. Logo eu que tive repetidas vezes aquele sonho de aparecer sem roupa em público e de forma inexplicada.

Eu ligo para você, ponho o celular no ouvido embaixo do chuveiro, e a despeito da água, escuto aquelas gravações que dizem que o número chamado encontra-se desligado.

Eu sinto meu peito apertar ainda mais, mas sigo sem derramar lágrima.

A casa que estou parece um mix entre a casa que dividimos e a casa em que vivo agora.

Muita gente nessa casa de dois quartos, entre elas o rosto conhecido de seu pai, e o de minha mãe, que vai repetidas vezes ao banheiro verificar se estou bem e avisar-me que a pessoa por quem me aflijo tanto, chegou.

Te vejo por um filete da porta do banheiro que fica entreaberta por negligência de minha mãe. Você leva uma cara de exausto, porém despreocupado, alheio ao meu sofrer. Eu continuo meu "banho" enquanto sei que você está no escritório da casa. Eu urro em silêncio, coisa de quem nunca teve privacidade nem pra sofrer. Ainda nenhuma lágrima, mas eu choro.

Saio desse banho que só esperava você chegar e antes que eu possa proferir "preciso falar com você", você anuncia essas palavras.

Estamos numa praia de vento frio onde muitos casais acampam. Outros poucos são servidos numa espécie de jangada ancorada na praia com uma fogueira na proa. Cada fogueira em todas as jangadas não produzem fumaça. Eu olho tamanho paradoxo e me sinto confortável. No caminho eu te olho e em sua expressão vejo estampado que você não mais quer conversar. Eu insisto. Continuamos, você diz apressado que qualquer lugar serve, e propõe que sentemos no chão. Eu que há pouco tomava banho de roupa me sinto deveras incomodada com esse seu pedido/ordem. Você nunca ordenou nada ou fez qualquer coisa apressado comigo. Você senta, eu sento em seguida a contra-gosto. Você de uma vez só fala que o bebê e a mulher que estão no apartamento são seus. Nesse momento te olho, há duas manchas de olheiras tão nítidas no teu rosto branco que você parece um panda, só que macabro, sinto medo. Eu repito o que você me falou e acrescento que é o quanto mentir para mim estava te fazendo mal. Eu grito que quero todos fora da minha casa e você parece surpreso com minha reação. Essa mulher surge diante de nós e estende o bebê para você. Sua resposta é gritar: tira esse bebê de perto de mim. Então em seguida, alguém estende a criança para mim, fico a observar esse bebê recém nascido e sem forma estendido no ar. Eu não pego o bebê. O frio da noite parece ainda mais intenso e cortante. Te olho e vc está irreconhecivelmente colérico, suas olheiras mais macabras.

A mulher que carrega uma barriga saliente de resguardo começa a me provocar pedindo que eu bata nela, enquanto vc berra que eu não encoste nela, ou...você parece me ameaçar. Eu finjo que vou esmurrar a mulher e ela recua, vc fica tal qual um pitbuul e percebo que alguém te controla para que não se aproximes de mim.

A mulher de resguardo segue me provocando até que explico a situação a um casal de desconhecidos, a mulher do casal me instrui a bater na outra apenas na cabeça, ela explica que dessa forma não é contra a lei. Devidamente orientada percebo que a mulher de resguardo se afasta.

Eu não sei o que Deus ouviu e eu não, mas daquele dia da briga em diante algo me diz "run, Su, run". E eu tenho feito isso, se olho para trás, quando olho para trás, perco o equilíbrio. Parece que a vida e os sonhos precisam mesmo nos dizer o o óbvio de quando em vez.

Mas o fato é que os sonhos nos revelam coisas...

E a verdade, cedo ou tarde, ela aparece.

(acordada de madrugada. 03:15)

Évora Solitu
Enviado por Évora Solitu em 12/07/2022
Reeditado em 12/07/2022
Código do texto: T7557711
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