APRENDENDO COM A POLÍTICA DOS CARAS-PÁLIDAS

A similitude do regime político entre Brasil e EUA é inconteste.

Sendo àquele país modelo do primado democrático do mundo ocidental, nada é de se estranhar suas semelhanças e que nossa política o utiliza como um modelo.

Tendo atuado a mais de duas décadas na área de comunicação, incluindo aí acompanhamento e planejamento de campanhas eleitorais ao longo daqueles anos, o pano de fundo das campanhas políticas brasileiras e estadunidenses muito se assemelham, não apenas pelos quesitos (perfis) socioculturais, bem como, certamente, por ser àquele país o berço de uma escola de marketing predominante, com influências inclusive em países com regimes políticos diferenciados, o que pode ser claramente notado pela dinâmica econômica chinesa nos dias atuais.

Neste sentido, por meio de uma análise do panorama político do norte, conseguimos fazer, até certo ponto, previsões e calibrações da política que ocorrem aqui no continente sul.

A importância dessas análises, independentemente de se tratarem de bons ou ruins exemplos é de grande valia, os acertos podem ser seguidos e os erros evitados, sempre com certas adaptações as nossas peculiaridades.

A preocupação com as próximas eleições no Brasil é algo real, sendo que, com o novo modelo econômico pelo qual o mundo caminha a passos largos, as potencialidades de nosso país se tornaram estrategicamente importantes, uma oportunidade para que possamos avançar de forma significativa neste novo panorama mundial que se avizinha.

Nessa análise de erros e acertos, que certamente servirá para modelar o próximo pleito em nosso país, chamou-me atenção um artigo recente (14/07) da renomada revista econômica The Economist, que trouxe dados do atual governo de Joe Biden como sendo o de menor índice de aprovação desde 1950, sendo que cerca de 67% dos americanos acham que a economia está indo mal, 78% que o país está indo mal e 64% já afirmam que querem outro candidato presidencial nas próximas eleições de 2024.

A situação política do atual governo Biden é de tal gravidade que raramente o periódico britânico, referência em temas econômicos, traz uma pauta com ‘conselhos ou orientações’ político-partidárias.

Um ponto importante do referido artigo é que embora admitindo o reflexo da crise econômica mundial alavancada por uma pandemia seguida do conflito na Ucrânia na economia americana, é necessário que seja abandonado o viés ideológico de esquerda que cimentou a vitória dos Democratas.

Em análise, fica claro que um candidato alicerçado pelas chamadas ideologias das minorias terá, como ocorre no governo americano, sérios problemas na condução de suas ações políticas.

Ainda segundo o artigo, os Democratas são escravos de seus próprios extremos, a exemplo de ideologias ditas progressistas/esquerdistas que vão na contramão de ideias incontroversas como: o aumento do crime é inaceitável e forças policiais são necessária para sua contenção; as fronteiras devem ser mantidas seguras; o racismo deve sim fazer parte do currículo escolar, já a práxis da justiça social não.

Diante deste panorama, é muito importante que o eleitor brasileiro fique atento aos candidatos da próxima eleição e o viés ideológico que alicerçam seus discursos, bem como suas propostas e planos de governo, o atual quadro político dos caras-pálidas é um bom laboratório para que, com o exemplo de seus erros, não venhamos a cometê-los também.

Fonte: The Democrats need to wake up and stop pandering to their extremes. The Economist, acessado em 15/07. «https://www.economist.com/leaders/2022/07/14/the-democrats-need-to-wake-up-and-stop-pandering-to-their-extremes»