Pessoas

Não sei explicar ainda como. Mas depois que estive "doente" algo mudou na forma como vejo o mundo.

Olho as pessoas e suas histórias e tudo parece previsível. Vivemos e morremos como um rio que passa, mas as histórias construídas estão sempre a se repetir.

Há sempre traições. Há sempre dificuldade. Há sempre sofrimento. Há sempre doenças. Há sempre sacrifício.

Também há sempre solidariedade, há sempre amizade, há sempre fé, há sempre alegrias e surpresas.

A vida parece sempre a mesma, mesmo com pessoas diferentes.

Hoje ao ouvir tantas histórias não sou capaz de julgar, apenas ouvir. Olho pra minha própria história, ainda considero única apesar de ter tantos pontos semelhantes com tantas outras histórias. Mas não sou capaz de prever seu final. Parece tão fácil prever o restante da vida de outras pessoas.

Hoje sentada aqui enquanto ouço sobre a vida de tantos familiares, penso no quanto já viveram apesar de tão pouca idade, e penso no quanto a vida deles já mudaram nestes anos e a minha continua a mesma, e assim parece seguir pelos anos sem fim.

Hoje olho pra trás e vejo a adolescência tão distante e começo a comprender muito melhor os mais velhos e idosos, que antes pareciam um mundo tão longe do meu.

No fundo, me sinto ainda muito perdida, como quem está atravessando uma ponte e para no meio.

Quando eu era criança a vida adulta era envolta de mistérios.

Na adolescência tudo parecia uma grande teoria da conspiração, parecia que só os adultos sabiam de tudo de um grande mundo secreto.

Hoje sei que não há muito secreto, tudo perdeu a graça e o brilho. Não é mais interessante sair a noite. Mais valor tem em ficar em casa dormindo.

E sei que a vida leva cada vez mais "apressada" pelo caminho da doença e do cansaço físico e mental.

Mas há algo que sinto que ainda não foi descoberto e isso não sei definir o quê é.

Talvez seja a ansiedade pelo própria futuro e o desejo insistente de alcançar aquilo que apenas desejo no mais íntimo de mim.

flor de inverno
Enviado por flor de inverno em 19/07/2022
Código do texto: T7563351
Classificação de conteúdo: seguro