*Sr. Google – O Porteiro do Prédio*

Sr. Gúgou, na verdade seu nome completo era: Google de Sá Betudo. Um velho porteiro de prédio, baixinho, gordinho, aposentado e com feição ingênua e inocente. Geralmente, vestia o uniforme de porteiro com a sua inseparável boina azul, e óculos caído no nariz, o que lhe dava um aspecto intelectual.

Chamava a atenção pelo nome estranho e profundo conhecimento de tudo. Até o sobrenome “Sá Betudo” completava seu estigma de almanaque de todo o conhecimento. Era quase uma enciclopédia ambulante.

Para os visitantes e novos moradores, sempre causava confusão. Liam o crachá e diziam:

_ Sr. Gogle... É isso mesmo?

_ Não, não. Pronuncia-se Gúgou.

Ele sempre corrigia com sorriso nos lábios e acrescentava, é a centésima potência do número 10.

Com anos de experiência naquele trabalho o Sr. Gúgou sempre tinha soluções precisas e automáticas para os mais variados problemas do dia a dia. Com muita eficiência, parecia saber o que as pessoas queriam antes de terminarem de falar.

O velho porteiro tinha disposição e soluções sempre na ponta da língua. Por isso os condôminos, dos mais cultos e ricos aos serviçais de menor cultura, todos recorriam aos seus conselhos.

Consultavam sobre tudo e abordavam assuntos diversos e pessoais, tais como: indicações de profissionais para desentupir a pia, aplicações na bolsa de valores, problemas de saúde, problemas amorosos, futebol e até sobre os noticiários da TV.

Os fofoqueiros do condomínio diziam que até Sr. Severo, o poderoso e inacessível síndico passava horas na portaria em consulta particular. Uns diziam que falavam apenas sobre valores de aluguel, tendências econômicas, essas coisas. Outros achavam que a conversa não passava dos assuntos pessoais mesmo. Independentemente do conteúdo destas conversas a portas fechadas. Os moradores e funcionários eram unânimes em admitir: “com a presença do Sr. Gúgou, a vida de todos, no prédio, era mais tranquila e completa”.

Certo dia, o Sr. Google não apareceu para trabalhar e o outro dia também, assim foi à semana toda. Começaram a ligar para o seu celular, mas dava como número inexistente. Alguém tem o telefone da casa dele? O resultado foi o mesmo: número inexistente. Onde ele morava mesmo? Ninguém sabia.

Durante dias, os moradores sentiam-se curvados ante o peso dos problemas pessoais que não conseguiam resolver sem a ajuda do Sr. Google. Diante ao caos que se instalava no prédio, o síndico foi à procura do velho funcionário. Quando voltou, convocou uma reunião de condomínio que, até então nunca contara com a presença maciça dos moradores, como dessa vez.

_ “Caros amigos! Lamento informar que não poderemos mais contar com o Sr. Google... Dizem que ele montou um Site de pesquisa na Internet e ficou milionário. Isso mesmo... Milionário”.

*JEmídio*