REAPRENDENDO A FLORIR

Escrevo pra alimentar meus fantasmas, meus ferrolhos, meus porões.

Cada palavra é parida imantada por réstias de amor, de carinho, de torpor,

de o que for.

Escrevo desnudando minha alma inteira, virando do avesso sua pele,

seu sangue, sua voz, seu ar.

Escrevo pra alforriar-me de mim mesmo, destravando os medos que povoam

cada pedaço do meu chão.

Escrevo pra revelar partes de mim submersas em sombras, pretextos e folguedos proibidos.

Assim desanuvio as câimbras que a vida untou, desapegando aqueles fétidos seres que insistem em sobrevoar as ideias e intenções.

Escrevo pra reaprender a gozar, a celebrar, a florir.

Solto as palavras numa desembestada folia, talvez a melhor folia de todas.

Então consigo abraçar os leitores anônimos que se prestarem a ler os escritos,

formando com eles uma coisa única, sem dono, sem regra, sem fim.

 

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 26/07/2022
Reeditado em 26/07/2022
Código do texto: T7567898
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