CARTA PELA DEMOCRACIA: FINALMENTE A VOZ DOS PROPRIETÁRIOS

Espero que “Inês ainda esteja viva”.

Claudio Chaves

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EU DIRIA que o esforço foi muito válido, mas a concretização do projeto ainda não será dessa vez ou neste ano eleitoral.

NÃO RESTA dúvida de que, desde 2016, começou a ser posto em curso no Brasil – num acordo “com o Supremo, com tudo” – um projeto de interrupção do sonho liberal de consolidação de um Estado Democrático de acordo com os seus interesses. Projeto esse que contou, aliás, com apoio praticamente integral dos donos desse Estado, o todo-poderoso e quase sobrenatural Mercado, a famosa alta burguesia liberal.

O QUE muito provavelmente, porém, grande parte desse panteão sagrado do Olimpo Liberal não se deu conta foi que, ao entregar o timão da embarcação nas mãos da mais incompetente, mais imbecilizada e mais má intencionada criatura da Nação, não estava necessariamente apenas enfraquecendo seu principal opositor, as forças proletárias organizadas, mas, especialmente, alimentando, esse sim, o verdadeiro leviatã que, uma vez fortalecido, tentaria engolir os seus próprios criadores.

O RESULTADO não poderia ser diferente – mesmo que, por ventura, a Terra viesse a girar em sentido contrário ao natural.

A ALTA burguesia brasileira (aqueles quase 2% da Nação que acumulam os 90% de tudo que ela produz) está aderindo à “Cartinha” – como se referiu ao Documento o “Filho de Frankenstein” criado pela própria burguesia econômica – não necessariamente porque está chocada com o que vem acontecendo ou porque foi surpreendida; ela sempre soube, pelo que ajudou a gestar, que esse seria um dos desfechos mais prováveis. O que a move nessa direção (de assinar a “Cartinha”), no entanto, é perceber que sua grande “ideologia”, o LUCRO, corre sério risco. A alta burguesia liberal do País já percebeu que o seu “Filho de Frankenstein” não hesitará repetir os feitos de outro malsucedido projeto seu de neoliberalismo à brasileira chamado Collor de Melo (1990), ou pior: além confiscar suas fortunas, o “Monstrinho de estimação” da vez, não pensará meia vez em defenestrar quem encontrar pela frente como potencial impeditivo ao seu megalômano e autoritário projeto de poder.

O MERCADO sempre soube de quem se tratava e o que Ele e os seus ideólogos (mercenários da fé travestidos de lideranças religiosas) pretendiam: solapar o sempre instável projeto de Democracia Liberal dos Trópicos e, em seu lugar, implantar no País a, provavelmente, mais corrupta, mais incompetente e mais violenta Teocracia (comandada por verdadeiros doutores em picaretagem) do Planeta.

EU DIRIA que o esforço foi muito válido, mas a concretização do projeto ainda não será dessa vez ou neste ano eleitoral. Mas ilude-se quem acredita que eles desistirão ou ao menos recuarão.

A SORTE dos liberais é que a incompetência do Monstro que criaram se mostrou maior do que a ambição. Mas se não houver um aprimoramento do outro lado, estejamos certos, o leviatã à brasileira se recuperará e, na próxima investida, pode não haver mais “Cartinha” que consiga reverter o caos.

UMA DEMOCRACIA verdadeiramente liberal, não importa a crise em que se enfie, terá que sair por meio de mecanismos criados pela e dentro da própria Democracia. Essa nunca foi a proposta do Filho de Frankenstein criado pela burguesia liberal brasileira a partir de 2016, que sempre, notória e publicamente, deixou claro que sua confiança para permanecer no poder sempre esteve no emprego de forças armadas, tanto a oficial como a ilegal.

SE A DEMOCRACIA Liberal brasileira, em função do nível estratosférico que chegou de corrupção, fosse um rio enfestado de piranhas, o Filho de Frankenstein da burguesia e sua trupe proporiam a extinção do rio, e não apenas o manejo sustentável para o controle de proliferação da espécie.

TALVEZ eles – tão ambiciosos, porém cubicamente incompetentes que são – não tenham atentado para o fato de que o Estado Democrático Liberal tem dono, e certamente não é o proletariado, e muito menos tiranetes apoiados por mercenários da fé. O dono do Estado Democrático Liberal é quem o sustenta e o idealizou: obviamente a burguesia liberal. E é exatamente ela que faz bradar, finalmente, sua voz em defesa de sua [primeira] cria através da chamada “Cartinha”.

NÃO MORRO de amores pela Democracia Liberal. Mas, sinceramente, torço para que “Inês ainda esteja viva”.