Passei muito tempo vivendo no piloto automático, já não sabia mais o que gostava de fazer. Estava sufocada pela rotina, trabalho, faculdade, lutando pela sobrevivência, e sozinha; conheci o fundo do poço, fiquei depressiva e ansiosa. Mas sempre fui uma pessoa de mente inquieta e passei a questionar o sentido das coisas e da vida, pois eu só podia estar vivendo errado, apesar de ser uma pessoa sorridente não via muita graça em estar respirando, essa era a minha máscara social. Somente eu mesma para saber que a podridão das preocupações e da sobrecarga de manter uma casa e criar um filho sozinha estava me consumindo por dentro, como um câncer em estado terminal. Tive que implodir-me para poder reconstruir do zero. Eu tenho esse defeito, não sei desistir.

 

           Bastou fazer uma viagem curta para Chapada dos Veadeiros – GO para perceber que estar vivo é fenomenal, o quanto é gratificante se permitir ter novas experiências e conhecer gente bacana, todos deveriam experimentar qualquer dia desses, isso limpa nosso campo de visão. Fui encantada pela beleza da natureza, me senti energizada, me conectei com a vida e muita coisa mudou desde então. Ela tem dessas coisas que mexem com a cabeça da gente, passo bem. Inclusive tem uma frase que desconheço o autor, mas que me define de uma forma muito clara: “O mundo é grande e eu quero criar memórias”, essa é a gênese da pessoa que estou me tornando.

 

           O problema é que a sociedade assume o papel de juízes das nossas ações, são nossos haters e muitas vezes, eles se fantasiam de amigos para nos enganar e julgar quando decidimos viver nossas próprias vidas. Por exemplo, quando uma pessoa se coloca em primeiro lugar, é logo taxada como egoísta; quando viaja com frequência, ficam se perguntando como é que consegue fazer isso, ou, quando simplesmente decidem não ter filhos ou casar-se, dizem que são pessoas solitárias. E por acaso, não somos sozinhos nessa vida? Não seríamos uma ilha, um mundo, um universo de si mesmos? É raro encontrar alguém que se alegre genuinamente conosco. Quem tiver esses seres iluminados por perto, ganhou na loteria da vida!

 

         Sabe, eu tenho começado a fazer as coisas que gosto, viajo sempre que dá (e também quando não dá), voltei a jogar vôlei, me matriculei numa escola de dança de salão... ah, como eu adoro dançar! Essas pequenas mudanças me fizeram enxergar sob nova ótica a minha passagem nesta terra, com certeza o mundo seria sem cor se não fosse a nossa existência para pintá-lo com a aquarela da vida.

Adenize Cardoso
Enviado por Adenize Cardoso em 01/08/2022
Reeditado em 01/08/2022
Código do texto: T7572753
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2022. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.