Bebê em Curto-Circuito

Ah, os filhos. São bênçãos! São aqueles momentos em que a gente vê como a natureza é perfeita, indiscutivelmente inteligente e linda. A genética é a prova disso. Ver nossos rostos e manias em nossos filhos é como que mágico. é ver o milagre acontecer ali, diante dos nossos olhos... E de verdade. Lindo... Amor... Alegrias... Porra nenhuma!

Fui pai aos 33 anos. Por uma coincidência novelesca do destino, mesma idade que meu pai teve seu primeiro filho...EU!... Eu já tinha desistido de ser pai, e levava comigo o discurso pronto de que “SE EU FOR PAI, VAI SER POR ACIDENTE!”... O Acidente aconteceu, 220 por hora. O peso da palavra se fez valer.

E assim foi! Mágico, né? Natureza, destino... Minha primeira filha nasceu em julho de 2020, COVID tocando o zaralho no mundo, e a gente preocupado. Estávamos em êxtase, claro! Uma menina linda chegou naquela manhã, mas lá fora, um mundo assustador, e com perigos digamos, novos, nos esperando. Não fazíamos ideia do que viria por ali. Mas sabíamos que estaríamos aptos... Ou pelo menos achávamos.

Minha filha é um doce. É amarga quando tem que ser, mas tem uma vibe engraçada, comediante, daquelas crianças que não forçam uma barra para ser engraçadas ou chamar atenção. Ela chama e pronto! Seja com sua voz e perfeição na dicção das palavras, seja com seu rostinho que é uma espécie de meu rosto num filtro rejuvenescedor e com quilos de melhorias em pixels... Seja sendo apenas uma bebezinha. Nunca deu trabalho no sentido assustador da palavra. Bem, até chegarem os benditos 2 ANOS.

Siiim, meu povo! Se você não tem filhos, se você num tem contato com crianças pequenas, saibam que, a vida dos bebês é dividida em fases do caos. Fases essas que os pediatras Nutella chamam de Saltos de Desenvolvimentos, mas que, quando a gente tem contato com essas evoluções quase que de pequenos Pokémons, chamamos de Fases dos Pequenos Demos. São fases que começam e fecham ciclos de aprendizados. Crise dos três meses, dos seis meses, dos nove, de um ano... Crises! Crises! Crises! Crises estas, que são como se aqueles pequenos seres, tão fofos e tênues virassem...A-DO-LES-CEN-TES! Siiiimmm...

O grande problema, é que neste exato momento, minha bebê se encontra do Surto...digo, na fase dos dois anos. A fase das frustrações, das birras, choros constantes, incontroláveis e aparentemente por tudo e qualquer coisa que não saia aos seus conformes. Nesse surt...Digo...Ah, dane-se! Nesse SUR-TO, os bebês parecem que não sabem expressar suas coisas, e qual a forma mais fácil? Isso! Transformar o dia-a-dia dos pais em uma zona de guerra! Uma Feira de domingo, meio dia, justamente quando você está com enxaqueca sem qualquer melhora. Gritos! Gritos! Gritos!

Nesse momento, é o momento do “É MEU! EU QUERO! NÃO! NÃO! NÃO! É MEU! EU QUERO!”. Acessos de raiva, Gritos... E a gente fica totalmente inclinado a fazer toda e qualquer coisa para aquela birra passar! No caso, a minha, encasquetou com a palavra SURPRESA. Sabe? Aquilo que antes era um agrado! Uma forma de mimar nosso fruto tipo” Olha! Papai trouxe uma surpresa para você! Fecha os olhos!”, se tornou um gatilho para birras, e está sendo usado contra mim e minha paciência! Agora, se num tem surpresa – Ah, a surpresa, no caso, tem que ser o que ela quer! Eu posso chegar com um brinquedo lindo, caro, novo, mas se ela naquele dia achar que a surpresa tem que ser Bala Fini... Já era! – SE num tem a surpresa, a casa vira um caos. Um trem para Japeri ao meio dia, com ambulantes vendendo fones, salame, rins, casas, e todo mais. E a enxaqueca?

É uma fase, eu sei. E juro, me sinto mal por perder a paciência. Mas é que Às vezes é tudo tão complicado, e a vida tá tão conturbada, misturada às crises de ansiedade, preocupações e obrigações com prazos, que acabamos perdendo as cargas de paciências mais rápidas que a bateria de um celular viciado. Não sou de bater, gritar eu evito ao máximo...Mas a gente também tem limites. E a crise, pelo que vi, também tem. Mas nada certo. Pode ir dos dois e acabar, ou SE EXTENDER ATÉ OS 4 ANOS DE IDADE.

Então sigo daqui. Claro que amo minha filha. É um amor que eu não saberia descrever perfeitamente em palavras inventadas. Eu vivo por ela, me sacrifico, faço planos... E estar com ela me faz um bem, que eu sinto às vezes saudades quando ela num tá em casa. Porém, temos limites como eu disse. E meu limite tem estado entre doses de calmantes florais, reza braba para Nossa Senhora da Aparecida, fazendo todo tipo de promessa possível e, claro, ao deitar, arrependimento por perder a paciência.

Fica dica, papais recentes. Se você é papai há bastante tempo, e passou de boa pela Hiroshima Nagasaki das crises...Uau! Parabéns, campeão! Hei! Hei! Hei!...Mas se você tá novo nisso: O pior está por vir, e num chega só perto dos 12 anos não! E aos não-papais... Camisinha, DIU, Ou sei lá, coito interrompido humanizado... Sério!

Fael Velloso
Enviado por Fael Velloso em 02/08/2022
Código do texto: T7573742
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