MINHA PÚBLICA INTIMIDADE

Zapeando pelos vídeos encontrei um que me fez parar para ouvir. Isso mesmo, ouvir mais de duas vezes para ter certeza que não estava ouvindo errado.

A mulher contava em um podcast como era o órgão genital do rapaz que havia saído. Expondo as imperfeições do seu corpo, o cheiro do corpo. Me senti violada no lugar dele.

A sensação era que ela falava de um objeto e não de um ser humano. E ela fecha dizendo que se sentiu lezada pela propaganda enganosa.

Até uns anos atrás a mulher repudiava essas conversas e lutou para que não fosse um objeto nas mãos masculinas. Ensinamos nossos meninos que o que ocorria entre 4 paredes ficava ali e na sua mente apenas. Sair contando era feio, repudiado e falta de respeito ao outro.

A maior intimidade que eu posso ter com o outro é confiar a ele a minha nudez. Onde ficamos explicitamente vulneráveis. Então cuidar desse ato deveria ser nossa obrigação.

Quando eu grito ao mundo que fui violada por alguém eu digo que fui desrespeitada. Isso nós vivemos muito. A mulher ia pra TV, rádio dizer não a essas cenas.

Antigamente se dizia mulher falada, era aquela que os homens espalhavam como eram na intimidade. E agora em 2022 uma mulher toma a mesma atitude.

Estamos retrocedendo ou pegando o que nunca nos agradou e copiando sem pensar, sem olhar para dentro da história e entender este comportamento.

A mulher parece que se perdeu, ela não lê sua própria história, não respeita sua caminhada e esquece que ese não é seu papel.

O homem está sendo forçado a cada dia ser mais fino e doce enquanto a mulher quer ser mais masculinizada, grossa e ofensiva.

Que ideia é essa? De onde isso veio? Em que esquina dobramos e nos perdemos?

O sorriso meigo foi trocado por palavrão, o carinho por grosseria. A mão que afagava por aborto e o coração que era um lugar seguro cheio de agressão, rancor.

Gentileza vai ter que ser agora parte do currículo para essas estranhas mulheres que não quer sua intimidade violada, mas viola a do outro com sorriso no rosto, sarcasmo na voz e dureza no coração.

Mulher me diga que caminho é este que escolheste para que possamos voltar e nos reencontrar, onde podemos ser femininas sempre. E juntos, homens e mulheres, cada segundo seu chamado fazer diferença.

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Leticia Carrijo
Enviado por Leticia Carrijo em 10/08/2022
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